Foto: acervo pesquisador
O estudo “Custos de produção em Sistemas Agroindustriais Familiares (SAFs) ecológicos e não ecológicos”, publicado na Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional, revela que cultivos ecológicos são mais rentáveis para agricultura familiar. Os autores são pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) do Campus Pato Branco .
A pesquisa foi desenvolvida pelo professor Marcio Gazolla e pelas pós-graduandas Milena Demetrio e Leidiane Maria Fantin. Durante um ano, com apoio do Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR) do Paraná, foram acompanhadas 24 propriedades rurais que atuam em sistemas agroindustriais familiares (SAFs). A supervisão foi feita pelos técnicos Ivandro Borelli, Marcia Andrade e Elisângela Carniel Camilo. No SAF, além de cultivar os alimentos, os proprietários também fazem o seu processamento, o que agrega mais valor aos produtos.
Dentro desta amostragem, 12 propriedades aplicavam práticas agroecológicas e, as outras 12, a convencional. Para medir qual modelo seria o mais eficiente, os pesquisadores se embasaram em uma metodologia do Valor Agregado, a qual mede os custos de produção e o impacto de cada modelo.
Em 2020, as produções das primeiras 12 SAFs, que adotaram o modelo ecológico, ou seja, sem agrotóxicos, foram acompanhadas pelos pesquisadores. No ano seguinte, foi a vez das outras 12 propriedades, que usaram defensivos.
Segundo o estudo, em média, o custo total por área dos SAFs não ecológicas é de R$ 80.765 por ano, correspondente a 29,78% da produção bruta. Já os SAFs ecológicos apresentam custo total por área de R$ 16.876.92 por ano, em média, cerca de 5% da produção bruta.
“Em resumo, os dados dos casos analisados demonstram que os SAFs ecológicos representam um modo de produção economicamente menos custoso do que os não ecológicos. Além disso, estes sistemas pesquisados conseguem agregar mais valor aos alimentos devido à base sustentável que possuem (preço prêmio pelos diferenciais ambientais dos alimentos), são mais diversificados em alimentos que ofertam aos consumidores por cadeias curtas e estão organizados em formatos coletivos (cooperativas, associações, centrais etc.) para acessar os mercados alimentares, mesmo que isso os custe um pouco mais caro”, afirmam os pesquisadores no estudo.
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Ao longo do processo de pesquisa, o professor Gazzola integrou estudantes de graduação e pós-graduação para a realização da coleta de dados da pesquisa, montagem das planilhas para análise e compilação de tudo o que foi levantado.
“É muito interessante quando estudantes de diferentes etapas trabalham juntos e, nessa pesquisa, foi o que aconteceu. Quem estava no doutorado, auxiliou alunos que estavam em etapas anteriores e isso faz toda a diferença na formação”, explica Gazolla.
Além do envolvimento dos estudantes, a coleta de dados junto às comunidades do sudoeste paranaense permitiu ainda a aproximação da UTFPR com os agricultores, que, por meio dos indicadores contidos no estudo, poderão tomar decisões mais assertivas para suas propriedades.
“Um dos diferenciais do levantamento é demostrar que a agroecologia, ao contrário do que o senso comum acredita, pode ser mais rentável para agricultura familiar”, completa o pesquisador.
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