Gabriela Martines Gimenes, mestranda em Ciências Ambientais da Unioeste – Foto: divulgação
A pesquisa está sendo realizada em parceria com os docentes Bruno Marcos Nunes Cosmo e Deysiane Lima Salvador da União Educacional do Médio Oeste Paranaense (Faculdade UNIMEO) em Assis Chateaubriand, e já apresenta resultados preliminares promissores. Os resíduos capilares demonstram grande potencial como recurso benéfico para as plantas, devido à presença de nitrogênio em sua composição química. O cabelo é formado por queratina, uma proteína fibrosa rica em aminoácidos, composta por elementos como carbono, enxofre, oxigênio e nitrogênio. Essas propriedades fazem do cabelo uma excelente alternativa para enriquecer o solo, promovendo a atividade dos microrganismos, além de contribuir para a nutrição e o desenvolvimento das plantas.
A estudante comenta que a expectativa é compreender melhor os resultados da pesquisa e, a partir disso, desenvolver um produto inovador. “Meu maior anseio, no entanto, é contribuir para transformar o setor econômico dos salões de beleza e barbearias em empresas sustentáveis, pois acredito que o setor já busca essa mudança. A transformação no modo de descarte e no aproveitamento de seus resíduos seria um passo inovador e disruptivo”, diz.
A pesquisa tem um grande potencial, especialmente no mercado brasileiro onde o cuidado com a autoimagem é um valor cultural significativo. Não por acaso, o Brasil ocupa posição de destaque no mundo e está entre os países mais vaidosos. O setor capilar movimenta valores importantes para a economia nacional, como por exemplo na produção de perucas, mesmo assim ainda é pouco visto em ações sistêmicas voltadas ao gerenciamento ambientalmente seguro desses resíduos sólidos.
O projeto é desenvolvido na Pós-graduação em Ciências Ambientais da Unioeste
O docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unioeste e orientador da estudante, Cleber Antônio Lindino, menciona que a possibilidade de utilizar o resíduo de uma atividade produtiva dos salões de beleza como matéria prima em outra, no caso, a agronômica, se enquadra bem no conceito de economia circular.
“Contribuindo para o ambiente, não só evitando o descarte incorreto do resíduo, como também diminuindo a necessidade de fertilizantes químicos, que em excesso, podem impactar os ecossistemas. Também pode se tornar um modelo de negócio, beneficiando a sociedade duplamente”, diz Lindino.
“Na minha opinião, já é hora de o setor de beleza ser incluído na era da sustentabilidade. Todos os segmentos econômicos estão sendo desafiados a adotar práticas mais responsáveis, e o setor da beleza não pode ficar de fora. Além disso, quando olhamos para o agronegócio, percebemos outra grande oportunidade. O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes no mundo, mas sua produção própria representa apenas 2% da produção global, o que nos torna altamente dependentes de importações, especialmente de matérias-primas como o nitrogênio. Este elemento, presente em grande quantidade nos cabelos, pode reduzir significativamente os custos da produção nacional de fertilizantes”, explica Gabriela.
A acadêmica ainda destaca que o reaproveitamento dos cabelos como uma fonte alternativa de nitrogênio orgânico promove ganhos ambientais e econômicos. “Se implementado, esse tipo de produção pode posicionar o Paraná como pioneiro em um segmento totalmente inovador e sustentável, alinhando-se às demandas do mercado por soluções ecológicas e econômicas”, finaliza.
Acima, hortaliças desenvolvidas nas pesquisas. Abaixo, sacos de cabelos. Centro do estudo, já que é formado por queratina, uma proteína fibrosa rica em aminoácidos, composta por elementos como carbono, enxofre, oxigênio e nitrogênio.
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