A divulgação científica ganha um novo formato com o podcast À Flor da Pele, uma produção do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Criado para divulgar as pesquisas desenvolvidas pelo Departamento de Clínica Médica, o podcast explora diferentes temas científicos ao longo de suas temporadas. A primeira delas, intitulada À Flor da Pele, foca na hanseníase, destacando tanto os avanços científicos como os impactos sociais e históricos da doença.
Os episódios estão disponíveis nas principais plataformas de áudio, como o Spotify, neste link.
“A ideia do podcast surgiu da necessidade de traduzir a pesquisa científica de maneira que se aproxime da realidade da sociedade”, explica o professor Marco Andrey Cipriani Frade, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da FMRP. Para Daniela Antunes, jornalista responsável pela concepção, roteiro e edição do programa, o formato narrativo permite reconstruir cenas e inserir personagens reais, “o que amplia a conexão entre o ouvinte e o conteúdo”.
Os primeiros episódios do podcast se destacam por trazer a história de Gilberto Bardela, de 95 anos, que foi internado compulsoriamente aos 15 anos enquanto jogava bola em Jurucê, no interior paulista. “Quando ele concedeu entrevista para o podcast, já tinha 94 anos e vivia com graves sequelas da doença”, conta Daniela. A filha de Bardela, nascida no Asilo de Cocais, na cidade de Casa Branca, também faz parte desse enredo, pois foi enviada a um preventório em São Paulo (instituição médica em que são internados indivíduos durante certo tempo, até que se verifique se contraíram doença a cujo agente causador estiveram expostos), como era prática da época.
A narrativa de Bardela percorre a primeira temporada, paralelamente às pesquisas avançadas sobre a hanseníase. “Ele é uma testemunha viva dos métodos de identificação e tratamento da doença, o que enriquece a narrativa científica”, destaca a jornalista.
Clique no player abaixo para conferir o primeiro episódio:
Episódios conectados por histórias e ciência
A estrutura do podcast, segundo Daniela, foi pensada para prender a atenção do público ao longo dos episódios, que podem ser ouvidos separadamente, mas formam um arco narrativo coeso.
O primeiro episódio, Do Pó ao Algoritmo, introduz a história de Bardela e apresenta estratégias modernas de identificação da hanseníase. No segundo, Dos Papiros às Revistas Científicas, a história da doença é contada desde o Egito Antigo até os avanços atuais, com destaque para o trabalho do médico Luiz Marino Bechelli.
Já Identificar o Inimigo, o terceiro episódio, detalha pesquisas do Laboratório Translacional de Estudos da Pele e Modelos Alternativos. O quarto capítulo, A Resistência, explora a persistência dos pesquisadores e a resistência da bactéria aos medicamentos usados há mais de 50 anos. O último episódio da temporada, O Recomeço, mostra os novos esforços do programa de pós-graduação em Clínica Médica e acompanha a retomada da vida de Bardela após a internação compulsória.
O podcast vai além da hanseníase
Embora a primeira temporada tenha abordado a hanseníase, o À Flor da Pele foi concebido para divulgar pesquisas científicas de diversas áreas médicas. “Nosso objetivo é ampliar o alcance do podcast e estimular mais pesquisadores a compartilharem seus trabalhos neste formato”, destaca o professor Marco Andrey.
Segundo Marco Andrey, as próximas temporadas já estão em produção e abordarão temas como obesidade e alergias. “A tradução do conhecimento científico para a linguagem acessível é fundamental para combater a desinformação e ampliar a conscientização sobre saúde.”
Diferencial do podcast
O formato narrativo e a abordagem humanizada tornam o À Flor da Pele um projeto singular. “O diferencial do podcast é contar histórias reais em paralelo às pesquisas desenvolvidas nos laboratórios”, explica Daniela. Entre os depoimentos marcantes, está o do físico médico Matheus Simões, que teve hanseníase duas vezes e, graças ao avanço dos tratamentos, não carrega sequelas visíveis. “O contraponto entre a história de Simões e a de Bardela ilustra a relevância do trabalho dos pesquisadores ao longo do tempo”, explica Daniela.
Cada episódio tem cerca de 30 minutos e além de Daniela na concepção, roteiro e edição, o podcast conta com a revisão de roteiros e locução de Blanche Amancio e a supervisão do professor Marco Andrey.
Para acompanhar os episódios do podcast À Flor da Pele acesse o Spotify clicando aqui.
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