– Um poema de Hilda Hilst –
Amada vida, minha morte demora. Dizer que coisa ao homem, Propor que viagem? Reis, ministros E todos vós, políticos,
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Ao teu encontro, Homem do meu tempo, E à espera de que tu prevaleças À rosácea de fogo, ao ódio, às guerras, Te cantarei infinitamente à espera de que um dia te conheças E convides o poeta e a todos esses amantes da palavra, e os outros, Alquimistas, a se sentarem contigo à tua mesa. As coisas serão simples e redondas, justas. Te cantarei Minha própria rudeza e o difícil de antes, Aparências, o amor dilacerado dos homens Meu próprio amor que é o teu O mistério dos rios, da terra, da semente. Te cantarei Aquele que me fez poeta e que me prometeu
Compaixão e ternura e paz na Terra Se ainda encontrasse em ti, o que te deu.
Hilda Hilst (1930-2004), escritora brasileira. Ilustração de Dieguito
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