. “Para que serve o estudo da Filosofia?” foi o tema do episódio mais recente do programa ¿Qué Pasa?, produzido pela Unila. A entrevistada convidada foi a professora Idete Teles dos Santos, doutora em Filosofia, que leciona desde 2014 nos cursos de graduação naquela instituição. Conforme a docente, questionar-se sobre o que é a Filosofia é algo recorrente para quem é da área.
“Eu diria que é um caminho, uma perspectiva, que tem a ver com questionar-se, de forma bastante rigorosa e sistemática, acerca das questões que dizem respeito à nossa humanidade. E pra que serve? Desde Sócrates, a gente leva em conta de pensar que “uma vida sem pensamento não é digna de ser vivida”. Então, a filosofia não tem uma função pragmática, mas existencial. O ser humano tem por essência essa necessidade de se pensar e pensar o mundo”, conceituou Idete.
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Embora baseada fortemente sob a perspectiva de filósofos europeus antigos, os currículos dos novos cursos de Filosofia estão dando cada vez mais espaço para pensadores de outras partes do mundo. “Quando tomamos diferentes perspectivas, diferentes olhares, o pensamento com certeza vai ser mais vigoroso e mais apropriado. As cosmologias e as teorias filosóficas dos povos africanos e dos povos indígenas latinos, por exemplo, vão trazer perspectivas distintas que acabam enriquecendo muito o nosso pensar do mundo, e nos permite dialogar, o que é um elemento central para a gente fazer uma filosofia efetivamente preocupada com a diversidade e a pluralidade”, explica a docente.
Pensar essa diversidade também passa por resgatar as filósofas mulheres que fizeram parte da história da Filosofia e foram invisibilizadas. “Quando falamos em filosofia clássica, a base dessa perspectiva é a tradição filosófica ocidental, com filósofos como Platão, Sócrates, Aristóteles. Temos um pensamento que se consolidou sob uma perspectiva eurocêntrica, com atravessamento da sociedade patriarcal e que colocavam as mulheres na base da passionalidade e não na racionalidade. Isso, ao longo da Filosofia, é predominante. Com isso, as mulheres foram relegadas, impedidas, invisibilizadas nas suas produções, ou impedidas mesmo”, salientou Idete Teles.
Dentre as mulheres que conseguiram se destacar, apesar do obscurantismo, a professora citou Hipátia de Alexandria, uma filósofa e matemática do período neoplatônico. “Um dos nossos desafios é resgatar, reconhecer e conhecer essas filósofas, que conseguiram produzir, mesmo à margem de toda a situação de impedimento, de invisibilidade e de desqualificação da sua racionalidade que viveram ao longo da história”, disse.
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