Desde 2006 o projeto atua em comunidades quilombolas de Pernambuco – Gilson Teixeira
. Contar para todo mundo! Este é o significado em iorubá nagô da palavra Tankalé, nome dado ao projeto de formação para o auto-registro audiovisual quilombola, que em parceria com a Crioulas Vídeo, oferece oficinas para jovens de quilombos pernambucanos. O jovem estudante, Hiêgo Moisés, atua no projeto e já produziu diversos vídeos.
Ele expõe a importância que a iniciativa tem para sua vida. “Quando comecei a fazer parte do Tankalé eu aprendi várias coisas. eu aprendi com os mais velhos, eu aprendi com pessoas que morreram bem antes de nascer. Aprendi com lutas que vieram antes de eu nascer. A partir dessa filmagens que foram registradas eu pude valorizar mais o meu povo”, reflete.
As oficinas de produção audiovisual articulam debates sobre história oral, memória coletiva, patrimônio cultural e direitos, explorando as possibilidades de construção autônoma dos discursos quilombolas em vídeo. Jocicleide Valdeci, uma das educadoras do projeto, explica que as oficinas vão além do ensino somente de técnicas e manuseio dos equipamentos.
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“Somos nós mesmos contanto a nossa própria história . A partir do momento que usamos o audiovisual como ferramenta de luta, temos esse poder de voz”
. “Dentro do projeto a gente inicia enquanto educador quilombola, porque entendemos que além de dar essa ferramenta que é a câmera, temos que primeiro formar, por isso fazemos as oficinas de formação e informação para capacitar esses jovens. Nós ensinamos a história dos povos e a luta também”, afirma.
Os vídeos produzidos ao longo dos últimos 15 anos pelas comunidades quilombolas de Pernambuco estavam guardados em fitas de filmadoras com diversos registros e entrevistas da equipe do Crioulas Vídeo.
Diante deste acervo histórico e cultural, o projeto Tankalé digitalizou essas fitas e disponibilizou essas e outras produções em um site próprio. “Utilizar as ferramentas audiovisuais também é um instrumento da luta quilombola” afirma Jocicleide.
“A partir do momento que usamos o audiovisual como ferramenta de luta, temos esse poder de voz, de falar, de se expressar. Esse poder de dizer às pessoas que temos uma visão e poder de fala”, acrescenta a educadora.
Para o jovem quilombola pernambucano, Hiêgo, o projeto traz emancipação para as comunidades. “É um ato de humanidade respeitar, muitas vezes, as pessoas esquecem disso e não respeitam os negros, os quilombolas, não respeitam a lutas. É muito importante porque o projeto Tankalé ele faz filmagens e produções audiovisuais que falam de nós mesmos. É a gente mesmo contando a nossa história”.
Além do site, o projeto também conta com um perfil do Instagram e um canal no YouTube, sempre atualizando e ampliando o acervo, que fica disponível para acesso irrestrito na internet.
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