Buscando dar visibilidade às mulheres negras na ciência brasileira, o grupo de extensão Meninas e Mulheres nas Ciências, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) resolveu criar o projeto ‘Cientistas Negras: Brasileiras’.
A iniciativa reúne uma série de materiais didáticos e lúdicos que apresentam a trajetória e as conquistas dessas profissionais.
Os conteúdos estão disponíveis em uma plataforma online, que permite conhecer a história de Sônia Guimarães, por exemplo, a primeira mulher negra brasileira a ser doutora em Física e primeira professora negra do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), por meio de um caça-palavras.
A plataforma permite que o público se aproxime da história de Enedina Alves Marques, primeira engenheira do Brasil, e da obra antirracista e feminista de Lélia Gonzalez.
Entre os nomes que compõem o projeto estão Sueli Carneiro, Katemari Rosa, Conceição Evaristo, Neusa Santos Souza, Rita de Cássia dos Anjos e Luiza Barros.
De acordo com a equipe responsável, marcadores sociais discriminatórios excluem, de forma histórica, grandes e importantes cientistas do gênero feminino.
Continuadamente, elas estão ausentes dos materiais didáticos e suas contribuições não são conhecidas. Quando se trata de mulheres negras, a invisibilidade é ainda maior e o acesso ao mundo acadêmico mais restrito.
O grupo também criou um Jogo da Memória online com ilustrações das cientistas negras, de autoria de Marcelo Jean Machado, para que seus rostos e produções se tornem cada vez mais conhecidos.
A iniciativa busca romper a barreira de papéis sociais machistas impostos para as garotas desde muito novas, que determinam quais seriam os espaços e as profissões adequados para mulheres, excluindo-as de diversos espaços.
Por seu caráter interativo e didático, o conteúdo pode ser utilizado individual ou coletivamente, sem restrições de público.
Além da publicação sobre as cientistas negras brasileiras, o projeto também produziu o livreto ‘Mulheres cientistas: Coronavírus’, com caça-palavras e outros passatempos que contam a história de pesquisadoras que, no passado ou atualmente, contribuíram no combate à pandemia.
O material promove um resgate histórico de trabalhos que foram fundamentais para que a doença e a estrutura do vírus fossem conhecidas e descritas, assim como a atuação de profissionais contemporâneas.
Entre as profissionais homenageadas está Ester Sabino, médica, professora e pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que, ao lado de sua equipe, conseguiu sequenciar o genoma do novo coronavírus em dois dias.
A biomédica Jaqueline Goés de Jesus, uma das jovens pesquisadoras que integram o grupo de Sabino, também é citada.
Ela também integra a Equipe Halo, uma ação global criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e outras organizações internacionais para apoiar e celebrar a colaboração científica em busca de vacinas seguras e eficazes.
Na plataforma, também é possível acessar conteúdos publicados semanalmente sobre as pesquisadoras e ganhadoras das diversas categorias do Nobel ao redor do mundo.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.