Foto: © Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Além da prova de redação, os candidatos inscritos no Enem fizeram na tarde de hoje as questões de linguagens e códigos e de ciências humanas.
No início deste mês, a Agência Brasilpublicou a história de três médicos especialistas que, com mais de 80 anos, continuam na ativa vencendo preconceitos. Na mesma série especial, a reportagem ouviu especialistas que apontaram o convívio entre gerações como receita de sucesso contra o etarismo.
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, ajuda a promover debates atuais como violações de direitos e etarismo, que é o preconceito contra uma pessoa por causa de sua idade.
A avaliação é de professores ouvidos pela Agência Brasil neste domingo (9).
Para a professora de redação Bárbara Soares, que atua em Brasília, o exame trouxe, mais uma vez, um tema relevante e atual, tendo em vista o envelhecimento da população e a necessidade de combate ao etarismo.
Além disso, relações possíveis com violações de direitos, como a descoberta sobre os desvios de recursos das aposentadorias de brasileiros e a necessidade de novas políticas públicas poderiam ser abordadas na prova.
“Há uma grande preocupação de como proteger essas pessoas. O Enem coloca uma lupa sobre um problema que está relacionado a grupos mais vulneráveis e de que premissas constitucionais estão sendo violadas”, afirmou a docente.
A professora recordou que, há dois anos, o Enem tratou sobre a invisibilização do trabalho de cuidado de mulheres.
“Nós precisamos de uma política nacional de cuidado. Nós precisamos pensar sobre isso de uma maneira mais estruturante mesmo. Eu acho que é exatamente isso que eles querem dos alunos”.
O professor Thiago Braga, que dá aulas no Rio de Janeiro, também contextualiza que, em 2070, quase 40% da população brasileira será de idosos.
“É uma discussão feita interdisciplinarmente na escola. Todos eles sabem, por exemplo, que a pirâmide etária brasileira está passando por uma transformação importante nesse momento”, pondera.
Por isso, o professor entende que os textos motivadores podem ter uma importância fundamental para o direcionamento temático. “Lembrando que a gente tem um estatuto da pessoa idosa no Brasil, que é de 2003. Pode ser uma boa referência para que os alunos usem [nas redações).”
A professora de redação Rayana Roale, que também trabalha no Rio de Janeiro, considera o tema de complexidade mediana, e lembra que o assunto também foi abordado na Prova Nacional Docente (PND). Ela explica que a questão da idade perpassa todas as camadas da sociedade.
“Acredito que não vai ser um tema muito difícil de abordar porque existe muito repertório e informações disseminadas sobre isso”.
Os professores avaliam que uma outra tônica que poderia ser trazida é de como a “sociedade produtiva” tende a deixar as pessoas mais velhas de lado.
Professora de redação, Michele Marcelino, de São Paulo, considera que o exame acertou “em cheio” ao trazer para o debate a questão.“O tema permite discutir o etarismo, os direitos das pessoas idosas e os problemas que elas enfrentam na sociedade contemporânea, como abandono e preconceito”.
A prova de redação exige a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas a partir da situação-problema proposta, dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo de sua formação.
O tema da redação será de ordem social, científica, cultural ou política.
O projeto de texto, com informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, deverá defender um ponto de vista – uma opinião a respeito do tema proposto -, apoiada em argumentos consistentes, estruturados com coerência.
O candidato também deverá elaborar uma proposta de intervenção social (solução) para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos. Propostas que desrespeitem os direitos humanos receberão nota zero. Constituem desrespeito aos direitos humanos propostas que, por exemplo, incitem as pessoas à violência ou tenham referências racistas.
Somente serão corrigidas as redações transcritas para a folha de redação oficial da prova do Enem.
Cada redação será corrigida por dois corretores, com graduação em letras ou linguística, de forma independente, sem que uma conheça a nota atribuída pela outra.
Os corretores atribuirão uma nota de 0 a 200 pontos em cada uma das cinco competências. A soma desses pontos compõe a nota total atribuída por avaliador, que pode chegar a 1 mil pontos. A nota final do participante será a média aritmética entre as notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.
Entre os critérios previstos no edital do Enem 2024 que resultam na nota zero na redação, estão:
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