Da série, as Mina na História do Teatro (*)
Ruth Escobar (Porto, Portugal, 1936 – São Paulo, São Paulo, 2017). Atriz e produtora cultural. Uma das notáveis personalidades do teatro brasileiro, empreendedora de muitos projetos culturais especialmente comprometidos com a vanguarda artística.
Em 1964, decide empreender um teatro popular e, para tanto, faz adaptar um ônibus que se transforma em palco, levando espetáculos à periferia de São Paulo, iniciativa intitulada de Teatro Popular Nacional. Nesse mesmo ano, inaugura também sua própria casa de espetáculos, orientada para a vanguarda artística.
Além de sua atuação no campo da produção teatral, Ruth Escobar é lembrada por sua participação política e pelo ativismo nos direitos sociais e da mulheres. Participou do movimento de resistência à ditadura e foi presa logo após a decretação do AI-5, em 1968. Engrossou o coro contra o governo nos anos de chumbo, em especial entre 1974 e 1976, quando iniciou seus festivais internacionais de teatro. Em 1978, foi uma das fundadoras da Frente de Mulheres Feministas do Estado de São Paulo.
Coordenou o primeiro Festival Nacional de Mulheres nas Artes, em 1982, evento que reuniu cerca de 10 mil participantes e que contou com mais de 600 espetáculos, além de palestras.
A crítica e ensaísta Ilka Marinho Zanotto, ao analisar sua importância na cena artística brasileira, observa: “Se quiséssemos traçar a evolução do teatro brasileiro no século XX […] teríamos forçosamente de incluir entre os cumes de suas realizações a trajetória polêmica da atriz-empresária Ruth Escobar. Marcada pelo signo do inconformismo, pelo faro do verdadeiramente artístico e do anticonvencional e pela ousadia das avalanches que, uma vez traçado o rumo, chegam ao seu destino – o vale – a qualquer custo, Ruth Escobar marcou a cena brasileira com o carimbo indelével de sua personalidade. Talhada para as empresas aparentemente impossíveis… Promove debates em tempo de ditadura, leituras de peças proibidas com ameaças de bombas e de invasão à porta, passeatas de protesto. Invade gabinetes de ministros de Estado e de censores e, de peito aberto, vai várias vezes à praça pública clamar pelos direitos pisoteados do teatro. […] Promotora incansável de tantas obras fascinantes, não se pode negar ao seu teatro o lugar privilegiado que soube conquistar nada tranqüilamente na história da arte brasileira”. (Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural e Folha de São Paulo)
______________________________(*) Reproduzido de “Teatro na Escola“
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