Café é química, cabe na série. Conteúdo científico com linguagem popular. Na lata! – Imagem: reprodução
Por que o café não pode ser requentado? O que o simples ato de higienizar as mãos tem a ver com o islamismo? O crescimento do fundamentalismo pode levar o Brasil a se tornar uma teocracia? O que é economia de cuidados e o que ela tem a ver com as mulheres? A produção de mel é mesmo incompatível com a produção agrícola industrial? O que é mito ou verdade em relação ao transtorno de ansiedade? E sobre o TDAH? Completamente díspares, todas essas perguntas têm algo em comum: foram respondidas no ¿Qué pasa?, o programa de divulgação científica da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Desenvolvido pela Secretaria de Comunicação, o projeto já colocou em circulação 121 edições em que pesquisadores das mais diversas áreas abordam, em linguagem direta e coloquial, temas que estão em discussão no Brasil e no mundo.
Produzido desde outubro de 2020, o ¿Qué pasa? surgiu diante da necessidade de levar ciência aos públicos mais diversos, de modo a garantir a compreensão de todos. Seja o estudante do Ensino Médio, o ingressante no Ensino Superior ou na pós-graduação, pais que desejam orientar seus filhos ou ter informações para tomar decisões sobre eles, pessoas que desejam entender mais sobre geopolítica e até mesmo outros pesquisadores em busca de fontes bibliográficas.
Esta característica está presente já no nome do programa ¿Qué pasa?, que em português pode ser traduzido como: “O que tá rolando?”. “A intenção do ¿Qué pasa? é apresentar a ciência de modo descomplicado a todos. É como se fosse uma conversa na sala de casa com um especialista no tema. Tratando de assuntos que vão de teoria das cordas à apicultura com bom humor e muita curiosidade”, explica o apresentador e um dos idealizadores do projeto, Luiz Bernardo de Souza Junior.
Outra característica do ¿Qué pasa? é que, além de os mais variados assuntos serem abordados de forma clara, também são disponibilizadas fontes de pesquisa sobre o tema, como artigos, livros, filmes e outros. Apresentado por uma equipe da SECOM, o ¿Qué pasa? pode ser acompanhado em dois formatos: em vídeo, disponível no YouTube, ou em áudio, como um podcast, disponibilizado no Spotify. Essas duas formas também visam à democratização do acesso à ciência, como explica Roberta Eline Petri Moreno, uma das apresentadoras: “Cada vez mais vemos a importância em tornar o conhecimento científico mais acessível a todas as pessoas. Este foi um dos principais motivos para a criação do ¿Qué pasa? nesses formatos.”
Quer conhecer melhor o ¿Qué pasa? O programa está disponível no canal da UNILA no Youtube (https://www.youtube.com/@unila) e apresenta um novo episódio todas as sextas-feiras. O formato em podcast está disponível no Spotify.
Em tempos em que notícias falsas têm obrigado os meios de comunicação, órgãos governamentais e os próprios pesquisadores a publicar esclarecimentos e a desmentir boatos, o ¿Qué pasa? vem cumprir a função de “antídoto” à desinformação e à propagação de informações baseadas no achismo. Ao levar aos programas cientistas que realmente pesquisam o tema abordado, os entrevistadores colocam em discussão o que está em destaque na sociedade ou que tem gerado polêmica e que, talvez justamente por essa evidência, suscita a produção e circulação de dados falaciosos. “No atual cenário mundial, o combate às fake news e aos mitos científicos é também o papel da universidade”, justifica Souza Junior.
Seguindo essa premissa, nos mais de 120 episódios já foram derrubados mitos sobre o consumo de insetos por humanos, muitas vezes rejeitado pelos brasileiros pela crença de que seja algo “sujo”. Diferentemente do que a população pensa, insetos costumam ter hábitos de higiene e alguns já são considerados alimentos em algumas regiões do país. Este é o caso de certos tipos de formigas, lagartas e larvas de besouro. Outro mito derrubado neste mesmo episódio, que teve como entrevistada Elaine Della Giustina Soares, professora do curso de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade da UNILA, é que ao se falar na ingestão de espécies como baratas, por exemplo, não se trata de insetos que estão no meio ambiente, mas de espécimes criadas para o fim específico de alimentar a população e mantidos em ambiente controlado, limpo e sem sujeira.
Outro mito derrubado é o de que na Idade Média não houve avanços significativos na Ciência, o que “apaga” a colaboração do mundo islâmico à Matemática e à Medicina – apenas para ficar em duas áreas. Neste episódio, o professor Mamadou Alpha Diallo, docente da área de Relações Internacionais e Integração da Universidade, mostra que o suposto obscurantismo da Idade Média foi algo restrito à Europa, não ao mundo todo. “Há uma reinvenção da história que parece que o mundo começa a partir do despertar europeu. A partir do século XV”, diz o professor na entrevista.
Temas polêmicos também não são raros no ¿Qué pasa?. Marco temporal indígena, o uso de cannabis medicinal e até o “movimento” red pill já foram abordados. No caso deste último, o professor da área de Antropologia, Waldemir Rosa, falou sobre machismo estrutural e como a sociedade deve começar a agir para mudar essa forma de pensar, em que se estabelece hierarquia entre homens e mulheres. Entre as ações citadas por ele, estão a educação formal e o estabelecimento de punições a atitudes machistas.
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