Você acordou pela manhã, talvez tenha tomado um banho, talvez nãovestiu sua roupa, escovou os dentes, talvez tenha tomado café, talvez nãoSaiu para o trabalho, pegou um ônibus, metrô ou o seu carro e chegou onde devia chegarTalvez você queira estar aí, talvez não Talvez os seus sonhos estejam guardados em fundos de gavetas, em baús de fotos antigasTalvez você esteja com ele na palma das mãos nesse momento, mas ainda não percebeuTalvez você nem sabe que sonhos existem ou então já desistiu de sonharTalvez você também pense que essa vida é uma grande roda giganteE talvez você esteja na parte de baixo, sem uma vista bonita nesse momentoTalvez você faça de tudo para que a roda gire mais rápido, para que sinta de novo a euforia das alturasTalvez você não entenda como rodas gigantes funcionamTalvez você até queira se jogar da parte mais alta e parar de rodarMas talvez de infinitas rodas seja feita a existênciaVocê roda e roda até cansar, se morre ou se vive não importaQuanto mais ansiedade, menor é a sua roda, você está a todo momento em cima e em baixo, em cima e em baixoQuanto mais medo de rodar, mais velozes e longas parecem as voltas, não existe sossegoQuanto mais raiva, maior é a vontade de quebrar a roda, pode ser que você consigaE entre em um limbo de queda, sem qualquer apoioNa roda, extremos não ajudamE talvez você também esteja cansado de tentar entender como a roda funcionaTalvez você só esteja esperando que ela pare um diaQuem sabe, se olhar melhor você não seja o único na roda giganteE talvez ajudar os outros seja uma boa saída para o tédio que a roda as vezes se mostraApreciar a vista panorâmica, entreter-se com o sorriso alheio,Talvez, juntos a gente possa encontrar um sentido.
_________________________Adriana Biberg é psicóloga em Foz do Iguaçu, Pr. Poema publicado na revista Escrita 53
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