Pessoas negras são maioria em trabalhos informais e de renda mais baixa – Foto: Tania Rego/Agência Brasil
As pessoas negras são maioria entre os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, mas, no geral, ganham 61% menos que pessoas brancas empregadas. Além disso, os postos de trabalho informais são ocupados majoritariamente por pessoas de pele negra. Os dados foram revelados nesta quarta-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2023.
A pesquisa mostra ainda que o número de pessoas negras vivendo na pobreza era duas vezes superior à de brancos no ano passado.
E a desigualdade se mantém, qualquer que seja o nível de instrução. Em 2022, o rendimento-hora da população ocupada branca era aproximadamente 61 % maior que o da população preta ou parda. A maior diferença estava no nível superior completo: R$ 35,30 para brancos e R$ 25,70 para pretos ou pardos.
O estudo também mostra que em 2022, mais de dez milhões de jovens entre 15 e 29 anos, não estudavam nem trabalhavam.
Uma análise das condições de vida da população brasileira mostrou que o rendimento-hora da população ocupada branca é de R$ 20, enquanto a população ocupada negra recebe R$ 12,40 por hora, em média. Os números são referentes a 2022 (último ano de governo de Jair Bolsonaro), quando 54,2% dos postos de trabalho no país eram ocupados por pessoas pretas ou pardas, enquanto 44,7% eram ocupados por pessoas brancas.
Ainda segundo o IBGE, pessoas pretas ou pardas ocupavam a grande maioria dos postos de trabalho em atividades com menores rendimentos médios. Nos serviços domésticos, por exemplo, eram 66,4%; na construção, 65,1%; e, na agropecuária, 62%.
Em outro ponto de destaque da pesquisa, o IBGE apontou que 40,9% do total de trabalhadores do país ocupava posições informais. Entre mulheres pretas e pardas, esse percentual subia para 46,8%; entre homens pretos e pardos, 46,6%. Já entre as pessoas brancas, a proporção de trabalhadores na informalidade ficava abaixo da média do país: 34,5% entre as mulheres e 33,3% entre os homens.
“A proporção de trabalhadores em ocupações informais reflete desigualdades historicamente constituídas, como a maior proporção de pessoa de cor ou raça preta ou parda em posições na ocupação de empregados e trabalhadores domésticos, ambos, sem carteira de trabalho assinada, além de trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social”, destacou o IBGE ao apresentar os números.
Além do recorte racial, o levantamento apresentado nesta quarta pelo IBGE apontou diferenças importantes entre gêneros. O nível de ocupação dos homens ficou em 63,3%, enquanto entre as mulheres esse índice caiu para 46,4%. A diferença é grande mesmo entre profissionais com ensino superior completo: 84,2% dos homens nessa condição estavam ocupados; contra 73,7% das mulheres.
As pessoas subocupadas (ou seja, que trabalhavam menos de 40 horas semanais, gostariam de trabalhar mais e estavam disponíveis) eram 6,3% da população. A disparidade de raça e gênero fica clara quando comparado o percentual de homens brancos subocupados (3,8%) com o de mulheres negras na mesma condição: 9,4%.
Mais de 10 milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza no país em 2022. Das cinco regiões, o Centro-Oeste foi a que registrou a maior redução das taxas de pobreza, impactada pela melhora do mercado de trabalho.
O número de brasileiros vivendo na extrema pobreza também diminuiu. As maiores quedas foram registradas no Norte e no Nordeste.
Segundo Denise Freire, analista do IBGE, os dados apontam, ainda, para um número maior de jovens negros fora da escola e do mercado de trabalho, e de mulheres entre 18 e 24 anos.
Entre os que não estudavam nem estavam ocupados, 43% eram mulheres pretas ou pardas e 24% eram homens pretos ou pardos, enquanto 20% eram mulheres brancas e 11% eram homens brancos.
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