Mais de 12 milhões de desempregados no país se juntam a outros milhões sem formalidade nenhuma no mercado de trabalho – Foto: Divulgação/IBGE
Após 48 horas de aprovação pelo Senado Federal, o presidente Jair Bolsonaro finalmente sancionou o auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais, desempregados e MEIs (microempreendedores individuais). Atendendo até duas pessoas por família, mães que forem responsáveis pelo sustento familiar poderão receber R$ 1.200. O total estimado para o chamado “coronavoucher” é de aproximadamente R$ 100 bilhões, viabilizado por Medida Provisória (MP) editada. A MP permitirá a utilização desse crédito extraordinário para pagamentos que beneficiarão em torno de 55 milhões de brasileiros.
Mas de onde virão os recursos desse auxílio? Quem nos ajuda a entender isso é o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP em entrevista ao Jornal da USP no Ar. “De onde sairá esse dinheiro e os de gastos futuros? Vamos ter que fazer uma mudança na reforma tributária do País, em discussão no Congresso, sendo necessário ter imposto nas grandes riquezas. É a única forma de tapar esse buraco lá na frente: chegou a hora de os ricos contribuírem”, recomenda Feldmann.
O professor diz que é positiva a discussão e o envolvimento do Congresso com medidas para proteger os trabalhadores brasileiros e as famílias mais pobres. Até mesmo o governo federal está mais alinhado e preocupado com essa necessidade de reparação social para evitar uma crise maior, diferente de outros atores. “O que deveria estar acontecendo, e não está, é que os bancos privados não estão contribuindo, pelo contrário, ouve-se falar que está havendo uma diminuição do crédito”, lamenta.
A disponibilização de crédito como o do “coronavoucher” é um esforço feito por diversos países do mundo. O presidente dos EUA, Donald Trump, apresentou na semana passada pacote de US$ 2 trilhões, cerca de 10% do seu PIB (Produto Interno Bruto), para aliviar os efeitos do coronavírus na economia americana. Paulo Feldmann explica que é inevitável ajudar as pessoas, ainda mais neste momento.
No Brasil, o próprio bolsa família é feito em cadastro e já possui uma boa base de dados para a disponibilização do benefício. Portanto, não será difícil o cadastramento rápido de quem vai receber o auxílio sancionado, mesmo que já não seja contemplado pelo programa citado. “Somos um exemplo mundial de País bem informatizado em diversas áreas”, lembra o economista, que cita a Receita Federal brasileira e o sistema eleitoral como sendo um dos mais eficientes do globo.
Ainda em relação a gastos que são urgentes neste momento, a adoção de medidas que permitam a compra de equipamentos e ajustes na infraestrutura hospitalar serve para evitar o agravamento da crise. “Felizmente somos uma democracia e podemos discutir o que é feito aqui, apesar de retardar um pouco o encaminhamento de soluções.”
Ouça a entrevista completa no player acima.
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