Se existe um ofício inspirador e potente, este é o do contador de histórias. Afinal, é ele quem dá vida às palavras, às memórias e aos personagens dos contos, poemas, crônicas, parlendas e outros elementos da tradição oral.
Contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), com recursos da Lei Aldir Blanc, o 1º Festival Nacional de Contadores de Histórias no Ciberespaço terá apresentações transmitidas pelas redes sociais, além de oficinas com conteúdos que desvendam as técnicas e os encantamentos do tema.
A ideia do Festival partiu do contador de histórias de São Paulo, Ademir Apparicio Júnior, que acumula extenso currículo na área. Sobre a maratona cultural, destaca: “Será uma oportunidade de reunir virtualmente grandes nomes da contação de histórias de diferentes partes do Brasil e mostrar a riqueza e a pluralidade desse extenso território”.
Imagine mergulhar num Brasil carregado de sotaques, mistérios, sabores e aromas. Durante os sete dias de agenda, o internauta poderá conferir uma programação intensa que revisita as identidades regionais de maneira lúdica e poética.
Após o show de abertura “Palavra Tagarela”, sobre tradição oral e elementos do folclore com os artistas Poliana Savegnago, Allan George da Silva, Márcio Bah e Devanir Mille, o público poderá acompanhar 10 apresentações, que reunirão os contadores de histórias Aline Alencar e Auritha Tabajaras (região Nordeste), Joca Monteiro e Joana Chagas (região Norte), Ciro Ferreira e Rosilda Figueiredo (região Centro-oeste), Camila Genaro e Cia “Ih, Contei!” com Elton de Souza Pinheiro, Leandro Pedro da Silva e a fantoche Tifanny MeiaLoka (região Sudeste), Liz Ângela de Almeida e Lucélia Clarindo (região Sul), além de 10 oficinas.
Para encerrar essa agenda caprichada, os artistas Ademir Apparicio Júnior, Fabiana Massi, Andrés Felipe Giraldo e Cimara Gomes Ferreira Fróis apresentam “A História de Maria Dançarina ou A menina que desafiou o demo”.
Importante destacar que todos os espetáculos contarão com recursos de acessibilidade, como tradução em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e audiodescrição.
“Nosso desejo é o de fomentar e difundir a arte da narração de histórias, criar um espaço de partilha e pesquisa entre artistas e público, compartilhar saberes a partir de oficinas gratuitas e manter viva a fogueira da nossa própria história a partir da contação, valorizando a nossa identidade regional, cultural e ancestral”, destaca.
Lucélia Clarindo é acompanhada pelo músico João Carvalho na apresentação de “A História da Mala e da Cachola” – Foto: Suncê Produções Artísticas
O Paraná está representado no Festival através de duas contadoras de histórias de Ponta Grossa. Lucélia Clarindo, que é fundadora do projeto Bando de Leitura em sua cidade, participa da atividade nacional com dois espetáculos: História da Mala e da Cachola e o conto do Couro do Pandeiro. A contadora de histórias é acompanhada pelo músico João Carvalho. Além dos espetáculos, Lucélia Clarindo participa do Festival com a oficina A leitura em verso e Prosa.
A outra pontagrossense é a professora Liz Ângela Almeida, que apresentará Histórias Aya, um repertório de contos afro, relacionados com resistência e superação. Liz também ministrará uma oficina sobre contos afros. As participações das duas paranaenses estão programadas para segunda, 15.
A arte de contar histórias é um “patrimônio cultural imaterial”, acentua Ademir. “Por meio das histórias relembramos nossas lendas, nossos antepassados, construímos futuro e presente. As histórias podem ser ferramentas para aprendizagens de diferentes áreas, como a geografia, a matemática, a ciência, a filosofia, e até mesmo para difusão da literatura. Os contos são capazes de nos transportar para outros espaços”, resume.
O idealizador aponta, ainda, a importância “singular” para a fruição e troca entre os contadores, o público e as histórias: “É uma oportunidade de fazer com que a promoção à leitura aconteça de maneira lúdica e potente, podendo assim aproximar o ouvinte e leitor ao fantástico universo das interpretações produzidas pelas linguagens da palavra, do corpo, da voz e de tantos outros elementos, que serão combustíveis para o faz de conta acontecer na sua plenitude”.
O Festival, com todo o encanto dessa arte, não poderia ocorrer em outra data. O seu encerramento em 20 de março marca a comemoração do Dia do Contador de Histórias, criado em 1991, na Suécia, com o principal objetivo reunir os contadores e promover a prática em todo mundo.
Cia Forrobodó apresentará “Ê boi! A lenda do bumba meu boi” – Foto: divulgação
14/03 – 14h30: Show de Abertura: Palavra Tagarela Com Poliana Savegnago, Allan George da Silva, Márcio Bah, Devanir Mille
15/03 – 10h: Histórias Aya
Contadora: Liz Ângela Gonçalves Almeida
15/03 – 14h: História da Mala e da Cachola e o Conto: o couro do pandeiro
Contadores: Lucélia Clarindo e João Carvalho
16/03 – 10h: Cardápio de Lendas Caiçaras
Contadora: Camila Genaro
16/03 – 14h: Histórias para brincar
Contadores: Ih, Contei! (Elton de Souza Pinheiro, Leandro Pedro da Silva e a fantoche Tifanny MeiaLoka)
17/03 – 10h: O Afeto das Histórias
Contador: Ciro Ferreira
17/03 – 14h: A fruta desconhecida
Contadora: Rosilda Figueiredo
18/03 – 10h: Ê boi! A lenda do bumba meu boi.
Contadora: Cia. Forrobodó de Teatro (Aline Alencar)
18/03 – 14h: A onça pintada que nasceu no pescoço da kunhataim.
Contadora: Auritha Tabajara
19/03- 10h: Atividade: A mulher que fazia chover
Contadora: Joana Chagas
19/03 – 14h: Histórias da Encantaria Amazônica
Contador: Joca Monteiro
20/03 – 14h Encerramento: “A história de Maria Dançarina ou A menina que desafiou o demo”
Com: Tem História na linh@! (Ademir Apparicio Júnior, Fabiana Massi, Andrés Felipe Giraldo e Cimara Gomes Ferreira Fróis)
15/03 – 15h: Oficina de Contos Afro
Ministrante: Liz Ângela de Almeida – Duração: 2h
Público Alvo: Oficina para adultos – maiores de 18 anos – Acadêmicos de pedagogia, Acadêmicos de letras, Magistério, formação de docentes.
15/03 -19h: A leitura em verso e Prosa
Ministrante: Lucélia Clarindo – Duração: 2h
Público alvo: Pessoas interessadas na arte de contar as próprias histórias, em verso e prosas, a partir dos 18 anos.
16/03 – 15h: Fios da Narrativa – os recursos internos para contar histórias em diversos espaços
Ministrante: Camila Genaro – Duração: 3h
Público Alvo: Professores, Psicólogos, cuidadores, educadores, Pais, Mães, Avós, Avôs e outros Responsáveis por Crianças que queiram ter um vínculo afetivo e duradouro através das histórias, com idade superior a 18 anos.
16/03 – 19h: Arte de Criar Brinquedos e Contar Histórias
Ministrante: Ih, Contei! – Duração: 2h
Público: livre
17/03 – 15h: Histórias na Sala de Aula
Ministrante: Ciro Ferreira – Duração: 2h
Público Alvo: Professores, bibliotecários, brincantes, artistas, fazedores de danuras e pessoas interessadas na arte da oralidade
17/03 – 19h: O brincante que mora em mim
Ministrante: Rosilda Figueiredo
Público Alvo: Contadores de Histórias, atores, professores, brincantes e interessados na arte da oralidade.
18/03 – 15h: A arte de contar histórias
Ministrante: Aline Alencar – Duração: 2h
Público Alvo: Contadores de Histórias, atores, estudantes de teatro, professores e interessados na arte de contar histórias.
18/03 – 19h: O Grafismo Indígena
Ministrante: Auritha Tabajaras – Duração: 2h
19/03 – 15h: Nós, As Matintas
Ministrante: Joana Chagas – Duração: 2h30
Público Alvo: Mulheres a partir de 16 anos (estudantes, mães, avós, professoras, contadoras de histórias e mediadoras de histórias).
19/03 -19h: A Interpretação para a Arte de Contar histórias
Ministrante: Joca Monteiro – Duração: 3h
Público principal: Contadores de histórias, professores e agentes de leitura (a partir de 12 anos)
Guatá / com assessorias
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