O evento é baseado na democratização do conhecimento científico e na abertura da Universidade Pública à comunidade externa – Foto: divulgação Unila
A Unila promove, entre os dias 29 (terça) e 1.º (sexta-feira), a 6.ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE), maior evento institucional da Universidade Federal da Integração Latino-Americana. O evento este ano tem como tema central “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais” e contará com a apresentação de 196 projetos de Iniciação Científica e 155 ações de extensão, oferecendo uma oportunidade para que a comunidade conheça a produção acadêmica dos estudantes dos 29 cursos de graduação. A Siepe tem suas atividades concentradas no campus Jardim Universitário, localizado na Avenida Tarquínio Joslin dos Santos (ao lado da Unioeste).
A cerimônia de abertura será nesta terça (29), a partir das 17h30, no auditório do campus Jardim Universitário e contará com duas conferências. A primeira, tendo como conferencista a professora Beatriz Irene Eibl, da Universidade Nacional de Misiones (Argentina), versará sobre “Os biomas no contexto da emergência climática”. A segunda atividade terá a participação da educadora e ativista ambiental Moema Viezzer, que falará sobre a atuação das universidades no contexto do desequilíbrio do clima.
Evento é também uma vitrine dos trabalhos desenvolvidos pela instituição. Foto: Assessoria/Unila
As apresentações dos trabalhos dos estudantes serão realizados nos dias 30 e 31 de outubro e a participação é livre ao público. A programação geral do inclui uma série de atividades, como a Mostra de Cursos, que receberá alunos do ensino médio de cerca de 30 colégios públicos da Terra das Cataratas, para apresentações sobre as 29 opções de graduação gratuita disponíveis na instituição.
Dentro da programação, a Mostra de Cursos, sucesso em 2023, receberá estudantes do ensino médio – Foto: divulgação Unila
Mostra de Cursos Data: 30 e 31 de outubro Horário: das 8h às 12h e 17h às 21h
Apresentações de extensão Dia 30: das 8h às 12h e das 14h às 17h30 Dia 31: das 8h às 12h
Apresentações de pesquisa Dia 30: das 10h às 12h e das 14h às 21h Dia 31: das 8h às 12h e das 14h às 21h
A 6.ª SIEPE também serve como guarda-chuva para eventos como o 13.º Encontro Anual de Iniciação Científica e 9.º Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Eicti 2024), o 11.º Seminário de Extensão da Unila, o 5.º Seminário de Atividades Formativas e o 1.º Simpósio sobre Transição Energética. Mais informações sobre a programação e o ensalamento das apresentações podem ser conferidas na página da SIEPE.
Construir em solos moles requer soluções técnicas como a estabilização química com cimento, que tem bons resultados, mas um custo elevado. Ao mesmo tempo, milhares de toneladas de resíduos da construção e demolição são dispensados na natureza, tornando-se um problema ambiental. Pesquisas estão mostrando que esses resíduos têm bons resultados quando utilizados para o enriquecimento de solos moles e argilosos, como o encontrado na região de Foz do Iguaçu.
Demonstrar essa viabilidade foi o objetivo do estudante de Engenharia Civil de Infraestrutura, Cristian Baudilio Paqui Seraquive, em seu projeto de pesquisa. Ele avaliou o uso de resíduos de concreto na fração fina (resíduos menores que 2mm), através de diferentes porcentagens (0%, 5%, 10% e 15%) para o melhoramento de solos moles. O resultado comprovou tanto o enriquecimento das propriedades físicas do solo após a aplicação dos resíduos como a resistência do material à compressão.
Cristian diz que o uso de resíduos diminui custos, especialmente, em grandes obras de infraestrutura, que têm mais exigências, mas também promove ganhos ambientais. “O modelo atual de produção consome até 75% dos recursos naturais, gerando problemas ambientais, econômicos e sociais”, escreve o estudante em seu artigo. Em Foz do Iguaçu, só no ano de 2018, foi registrada uma produção de mais de 160 mil toneladas de resíduos de construção.
Para ele, a participação no projeto de pesquisa foi importante para obter mais informações na área de Geologia. “Quero aplicar meus conhecimentos também em meu país”, diz ele, que é do Equador.
Foz do Iguaçu tem 18 áreas de fragmentos florestais de Mata Atlântica definidas como prioritárias pelo Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, criado em 2020. Elaborar uma chave de identificação ilustrada das espécies em seis dessas áreas foi o objetivo da pesquisa de Ana Beatriz Monteiro, do curso de Ciências Biológicas – Ecologia e Biodiversidade. A chave de identificação – um tipo de guia com as características de cada espécie – facilita o trabalho de pesquisadores e gestores ambientais. “É um trabalho que vai auxiliar o Plano Municipal porque, para que esse plano seja bem feito, é preciso saber que espécies há em cada fragmento”, explica Ana Beatriz. “Espero que a pesquisa ajude na gestão do Plano futuramente e também em trabalhos relacionados às florestas da Mata Atlântica da região.”
Com seu trabalho, ela conseguiu identificar 134 espécies, distribuídas em 100 gêneros e 40 famílias, sendo 119 espécies nativas e 15 espécies exóticas, presentes em seis das 18 áreas prioritárias do município: Bosque dos Macacos, Horto Municipal, Mata Verde, Marco das Três Fronteiras, Parque Nacional do Iguaçu e Trilha do Vietnã. As espécies coletadas foram herborizadas e incorporadas ao acervo do Herbário Evaldo Buttura (EVB). “Foi maravilhoso poder desenvolver esse projeto. A botânica é a área que eu quero seguir e consegui aplicar o que eu vi nas disciplinas e ainda aprendi a coletar corretamente, a fazer a identificação e, agora, a fazer a chave também.”
O evento Teatro Científico Tríplice Fronteira é uma união do espetáculo teatral “O Guardião dos Cristais” com uma exposição sobre o conceito de cristalização.
A bolsista do projeto, Marina Vieira dos Santos, que é estudante de Química (licenciatura), diz que, além de promover o contato do público com uma peça teatral, o projeto tem por objetivo intensificar a divulgação científica, contribuindo para o ensino de ciências ofertado na educação básica das escolas da região de Foz do Iguaçu.
A história e roteiro da peça, explica Marina em seu artigo, foram escritos pela equipe, “explorando as deias e contribuições de todos”. “Além da história que explora conceitos sobre o processo de cristalização, a peça conta com experimentos de Química que complementam a história e despertam a curiosidade do público.” A exposição é composta por cinco estandes onde são realizadas atividades investigativas, lúdicas, interativas e tecnológicas.
Desenvolvido junto ao Hospital Municipal Padre Germano Lauck, o projeto “Escola de Cuidadores: compartilhando conhecimento com cuidadores de pacientes em cuidados paliativos” nasceu para ter como foco principal familiares de pessoas que necessitam atenção especial, oferecendo informação e treinamento.
Cuidados paliativos é uma abordagem que busca trazer qualidade de vida a pacientes e famílias que enfrentam uma doença que ameaça a vida, através da prevenção, cuidados básicos de saúde e alívio do sofrimento.
Na Escola de Cuidadores, já existente no hospital, houve aulas sobre cuidados técnicos com pacientes, alimentação e adaptações necessárias, entre outros temas. Nos momentos em que teve contato com os familiares dos pacientes, Larissa Dalolio Valente, estudante de Medicina e integrante do projeto, dedicou-se a esclarecer o conceito de cuidados paliativos porque, na maioria das vezes, as pessoas não entendiam as informações que recebiam. “Via diferentes percepções e, na maioria das vezes, distorcidas. Então, eu fazia esses trabalho de educação e consegui perceber que os familiares conseguiam compreender melhor o tema com as explicações que eu adaptava”, conta.
Larissa constatou que muitos profissionais atuando no hospital também precisam mais informações. “Faltava uma base. Eu estava tentando educar a comunidade, mas internamente, muitos profissionais não sabiam o que são cuidados paliativos”, pontua.
A partir dessa observação, foi criada uma comissão específica para atuar nessa área. A comissão é formada por profissionais de diferentes setores e, em novembro, irá realizar um simpósio sobre cuidados paliativos. “Participar do projeto e poder fazer esse diagnóstico foi fundamental. Todos os dias tem paciente em cuidados paliativos e, todos os dias, a gente presencia sofrimentos, porque existe desconhecimento do tema”, observa Larissa.
Jordan Esquivel Falcon, estudante de Arquitetura e Urbanismo, atua na Comunidade Monsenhor Guilherme, em discussões e atividades de planejamento comunitário – multidisciplinar e participativo. A intenção é elaborar projetos que possam substituir (ou evitar) o deslocamento dos moradores para conjuntos residenciais distantes do centro. A Comunidade está localizada às margens do Rio Paraná, no centro da cidade, em local de proteção ambiental.
Para isso, o estudante, junto com a equipe do projeto, atua com Assessoria para Habitação Social (ATHIS). Os modelos de ATHIS procuram assegurar que famílias de baixa renda recebam assistência técnica pública e gratuita para a elaboração de projetos, acompanhamento e execução de obras de edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária.
Durante a execução do projeto, Jordan desenvolveu uma linha do tempo para contextualizar a história do local que, através de uma compilação de dados urbanos, estudos etnográficos, processos legais e um cronograma de atividades, ajuda “a fortalecer a consolidação de um espaço de apropriação”.
Ele explica que, a linha de tempo “é incorporada como um agente articulador de recursos que ajuda a melhorar as frentes de demanda”, sempre com a participação dos moradores. “A Comunidade Monsenhor Guilherme busca se consolidar como uma associação de moradores e de luta por moradia”, comenta em seu artigo.
Outras comunidades atendidas no projeto são a Comunidade Quilombola Apepu e a Horta do Seu Zé e Dona Laíde, por sua localização próxima a limites de Unidade de Preservação Ambiental; e a Comunidade Arroio Dourado, em processo judicial que visa a desocupação do território, que já foi o lixão da cidade.
Conheça mais projetos da Unila, aqui.
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