“Un pesimista/ es sólo un optimista/ bien informado” (Haikai de Mario Benedetti 1920 – 2009)
A 100 anos de seu nascimento, Mario Benedetti, um dos mais fecundos autores universais, recebeu nesta segunda, 14 de setembro, a homenagem dos compatriotas uruguaios que respeitam seu compromisso político e percebem toda sua obra como uma canção ao amor.
Poeta, narrador, dramaturgo, crítico e ensaísta, seus mais de 80 livros, traduzido a cerca de 20 idiomas e cujos versos são recitados em qualquer lugar do mundo, representam um fecundo legado literário.
Com 25 anos de idade, entrou ao mundo das letras uruguaias na chamada geração de 45, à qual pertenciam também Idea Vilariño, Ida Vitale ou Ángel Ramo, que tinha Juan Carlos Onetti como mentor.
Bem cedo já se apresetnou o autor da estatura expressa em ‘Montevideanos’, um de seus volumes de contos, na novela de estreia ‘Quem de nós’ e ‘Poemas de la oficina’, o ensaio ‘El país de la cola de paja’ (O país com o rabo de palha), e as novelas da maturidade ‘A Trégua’ e ‘Gracias por el fuego’ que o situaram internacionalmente entre os grandes.
Os compositores Daniel Viglietti e Alfredo Zitarrosa puseram música a seus versos e o diretor de cinema argentino Eliseo Subiela adaptou da narrativa de Benedetti o filme ‘O lado Escuro do Coração’ e mais tarde Sergio Renán fez o mesmo com ‘A Trégua’.
Vinculado ao sindicalismo nos anos 1960, o dramaturgo Mauricio Rosencof, um dos protagonistas reais do filme ‘Uma noite de 12 anos’ lembra de Benedetti em plena mobilização dos esquadrões da morte quando, com sua asma para dificultar, lançava panfletos políticos durante um jogo de futebol.
Também se identificou com a fundação da Frente Ampla em 1971, conheceu o exílio político na Argentina, em Cuba, onde foi jurado do Prêmio Casa, e na Espanha, e ao voltar ao país com o fim da ditadura militar, se envolveu com a campanha para revogar a lei de caducidade que garantia imunidade a repressores do terrorismo de Estado e com a causa dos Familiares de presos desaparecidos.
Em uma decisão muito criticada do ministro de Educação do atual governo de coalizão de direita, Benedetti foi excluído este ano da tradicional distinção pelo Dia do Patrimônio.
Mas a Fundação que leva seu nome comemorará com uma programação que começa no teatro El Galpón, com uma série de dinâmicas que incluirá uma prévia da obra ‘Benedetti Cabaret’, e uma conexão com um coro que interpretará ‘Quero você’ de várias cidades.
A Filarmônica de Montevidéu oferecerá um concerto homenagem e a Televisão Cidade estreará o especial ‘Sequências, 100 anos. Mario Benedetti, uma sensibilidade que ultrapassou fronteiras artísticas e geográficas’.
Para diretores da Fundação que leva seu nome, a data será uma celebração da ternura, ‘do mundo inteiro que recorda o colega Mario (1920-2009) dos cantos recônditos de tantas almas agradecidas’.
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