Texto e Fotos: Dantas Duarte (publicado originalmente no H2Foz)
O Rio Monjolo é, junto com o Rio M’Boicy, um dos rios mais urbanos de Foz do Iguaçu. Embora as duas bacias hidrográficas encontrem-se totalmente ocupadas pela malha urbana, os rios ainda não estão tão degradados quanto rios urbanos de cidades como São Paulo. Isso mostra que ainda há tempo da plena recuperação desses rios.Com um comprimento de quatro quilômetros, esse rio passa totalmente despercebido aos olhos da população.
Você sabe onde nasce o Rio Monjolo? Nasce no Parque Monjolo (ao lado do BIG), próximo à mesquita. Nesse parque e em seu entorno há um conjunto de nascentes que dão origem ao leito principal do rio. No mapa 1 vocês poderão observar onde se encontram essas nascentes, nas proximidades da Avenida JK e da Avenida José Maria de Brito. Nos mapas também é possível ver o formato da bacia hidrográfica e o traçado do rio. Na foto de abertura, um panorama do lago do Monjolo.
Nas fotos 3 e 4, um aviso sobre o jacaré-do-papo-amarelo que habita o lago, e o próprio jacaré com a cabeça pra fora d’água!
Na foto 5, um detalhe das baronesas, essas plantas aquáticas que estão espalhando-se no lago. Isso é um indicativo de poluição por esgoto, algo que deve ser investigado e resolvido urgentemente por se tratar de uma área de nascentes.
Na foto 6, o Parque Monjolo, a área verde do batalhão e o centro de Foz ao fundo.
Após suas nascentes, o rio cruza pela área verde pertencente ao Exército, até entrar em uma galeria (ainda no interior da área verde) e atravessar o centro da cidade canalizado.Na foto 7, o Sr. Geraldo observa o início da galeria do Rio Monjolo, já no limite da área do Exército. Conversamos um pouco, e ele me contou que ao se mudar para Foz, em 1964, a região onde esta foto foi tirada era um grande banhado, muito úmido e com pequenos córregos e até olhos-d’água. Também era possível encontrar alguns peixes, como encontramos hoje nas cabeceiras do Rio M’Boicy, no lago do Monjolo e em outros rios na cidade.
Nas fotos 8 e 9, podemos observar a Avenida República Argentina, que passa em cima da canalização do rio nesse ponto.
Na foto 10, a Rua Engenheiro Rebouças, que passa em cima do rio.
Na foto 11, o rio passa por baixo do Shopping Mercosul.
Na foto 12, o rio passa por baixo do hotel San Rafael, da Rua Almirante Barroso e da Encopel. É possível ver uma das bocas de lobo que exalam um fedor horroroso nessa esquina.
Talvez o local mais famoso por onde o rio passa é a parte mais baixa da Avenida Brasil (foto 13), na esquina com a rua Quintino Bocaiúva. Nessa baixada teve origem a cidade de Foz do Iguaçu, pois em 1889 os militares que iriam fundar a Colônia Militar do Iguaçu enfrentaram um período de estiagem muito forte na região e, em vez de se assentarem a quatro quilômetros da Tríplice Fronteira, “assentaram-se à beira do arroio que banha a cidade”. Assim descreve José Maria de Brito, no livro “A descoberta de Foz do Iguaçu”, ao se referir à localização da atual cidade quando escreve o relato em 1938, portanto 24 anos após a fundação da cidade.
Após o trecho de canalização, o rio encontra outra área verde, na baixada da Avenida JK (fundos da Unifoz) e cai por uma das mais belas cachoeiras dessa cidade, fétido e poluído, encontrando o Rio Paraná. Na foto 14 é possível ver onde a JK cruza o trecho canalizado do Rio Monjolo.
Nas fotos 15, 16, 17 e 18, pode-se observar ao nível da rua, na Avenida JK, a baixada e o muro que esconde o rio; a parte de trás do muro desde o estacionamento da Unifoz; e a parte superior da galeria antes de seu fim.
No mapa 19 é possível observar a localização da cachoeira em relação à Avenida JK e ao centro.
Nas fotos 20 e 21, a saída da galeria alguns metros abaixo do nível da Avenida JK.
Nas fotos 22, 23 e 24, o trecho final antes da cachoeira (e eu em campo!).
Na foto 25, a belíssima cachoeira desde sua base, na beira do Rio Paraná!
Na foto 26, a mesma cachoeira, com o centro ao fundo.
Entre as nascentes e a foz, o rio desce por um desnível de quase 70 metros. Seguindo pelas ruas do centro e observando a forma do relevo do vale (o que ainda é visível), acredito que, quando aberto, o Rio Monjolo parecia o Rio Carimã (foto 27), com corredeiras suaves na região central, como fica evidente observando o leito na saída da galeria atrás da Unifoz.
É quase uma contradição que, na terra das Cataratas do Iguaçu, uma linda cachoeira na região central esteja poluída e seja pouco conhecida. Sabe-se que no projeto “Reinventando Foz” está prevista a utilização dessa área como um parque e sua ligação via barranca do Rio Paraná com o Parque Linear M’Boicy. Enquanto isso, esse simbólico e importante rio deságua muitos potenciais de integração, paisagismo e qualidade de vida para nossa cidade. Basta agora revitalizá-lo.
____________________________Dantas Duarte é geógrafo e mora em Foz do Iguaçu. Texto publicado originalmente no site de notícias H2Foz.com.br
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