– Projeto de viola caipira na região do lago de Itaipu quer ser um dos maiores do mundo –
Apresentação do projeto “Viola Lindeira”.(Fotos: Assessoria/Adenésio Zanella)
O Projeto Viola Lindeira, uma parceria entre a Itaipu Binacional e o Instituto Viola Caipira, deverá formar 640 músicos amadores e profissionais nos municípios lindeiros ao lago de Itaipu, dentro de três anos. O público alvo são crianças e adolescentes, que terão as aulas de viola no contraturno escolar. O projeto foi lançado no dia 24 de fevereiro, na Prefeitura de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.
Os cursos serão ministrados por músicos experientes da Orquestra Paranaense de Viola Caipira da Faculdade Assis Gurgacz, sediada em Cascavel, reconhecida como uma das melhores do Brasil. Ricardo Denchuski será o diretor executivo e Crystian Fernandes, o diretor pedagógico. Entusiasta do projeto, Denchuski acredita que a região terá num futuro breve a maior orquestra de viola do planeta.
Para o prefeito do município, Cláudio Moacir Luiz Froehlich, presidente do Conselho dos Municípios Lindeiros, a iniciativa merece destaque porque vai difundir em toda a região a música de raiz, que remete diretamente à história do Brasil. “Muitos municípios, como é o caso de Marechal Cândido Rondon, poderão criar suas próprias orquestras de violas”, disse o prefeito.
Já o superintendente de Comunicação Social de Itaipu, Gilmar Piolla, ressaltou que “dar oportunidade às nossas crianças e adolescentes em situação vulnerável é um dever de Itaipu como uma empresa cidadã. E complementou: “Este projeto resgata uma característica marcante da cultura brasileira, que é a música de raiz, ou música caipira, com presença muito forte aqui na nossa região”.
Ele contou que a ideia é que cada um dos 16 municípios lindeiros ao Lago de Itaipu tenha a sua própria orquestra de viola caipira e que, nos encontros anuais do programa Cultivando Água Boa (CAB), se reúnam numa única grande apresentação. O CAB é o programa socioambiental mantido por Itaipu e parceiros na Bacia do Paraná 3.
O diretor de Coordenação de Itaipu, Nelton Friedrich, ressaltou que “O Oeste do Paraná é um celeiro da música de raiz”. Segundo ele, “valorizar esta música é um trabalho essencial para resgatar e manter viva uma tradição secular, que representa a mescla de culturas dos povos e etnias que formam o brasileiro de hoje”.
Como serão – As aulas de viola caipira serão voltadas para crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos em situação vulnerável. Todos deverão estar devidamente matriculados na rede pública do ensino. As aulas serão ministradas uma vez por semana. Cada município poderá ter 40 alunos matriculados no contraturno escolar. A contrapartida das prefeituras será uma sala de aula com infraestrutura para receber os professores e os futuros músicos. O Instituto oferecerá os instrumentos musicais,
Poetizando – Se há um terreno onde o brasileiro “pode falar grosso” é o da música, diz o jornalista e pesquisador José Hamilton Ribeiro. “É a mais brasileira ou talvez a única arte brasileira por excelência”, afirma, lembrando que é resultado de uma mistura cultural que começou com portugueses e índios, ampliou-se com a vinda de escravos africanos e multiplicou-se com os imigrantes de todas as partes do mundo.
Neste cenário, a música caipira – ou música de raiz – merece destaque por remeter diretamente à história do Brasil. No seu livro “Música Caipira”, José Hamilton Ribeiro afirma que “a origem da música caipira é a origem do Brasil”. E o próprio escrivão Pero Vaz de Caminha confirma.
Em sua carta ao rei, Caminha conta que um dos integrantes da caravana de Pedro Álvares Cabral, Diogo Dias, foi até os índios acompanhado de um gaiteiro. “E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita”.
Além da gaita, outro instrumento que deve ter vindo junto com Cabral foi a viola, já que “a viola era moda no Portugal da época”, como lembra José Hamilton Ribeiro. Em 1584, a viola é citada por padre José de Anchieta. Nas casas de ensino, relatou o padre, os índios “faziam suas danças à portuguesa, com tamboris e violas, e muita graça”.
Ribeiro explica que essa fusão da cultura portuguesa com a dos índios, que acrescentaram à letra e ao ritmo da música o gosto pela dança e o jeito de bater os pés e as mãos, resultou na catira, o primeiro dos gêneros da música caipira. E foi justamente a predisposição dos indígenas para a música que levou os jesuítas a usá-la no trabalho de catequese, para atraí-los ao cristianismo.
Assessoria Itaipu
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