A expressão “zombar”, segundo o “Novo Dicionário Banto do Brasil”, de Nei Lopes, é mais uma herdada das línguas bantas, vindo provavelmente do quimbundo kizomba, brincadeira, ou do quioco somba, provocar, desafiar.
A exposição Zombaria apresenta uma série de colagens analógicas em que o artista Uberê Guelé cria figuras encantadas, explorando o lado mais lúdico de sua produção. Bem-humorados e ao mesmo tempo ácidos, esses retratos carregam também a inquietação do artista, na busca de raízes e na discussão racial brasileira. Cenas cotidianas, lembranças de infância, personagens populares, sonhos dormidos e acordados se revelam nos recortes artesanais, que abusam da mistura dos seres, cores, texturas e proporções. A exposição virtual, aberta no dia 16 de setembro, fica em cartaz até o dia 31 de outubro, em qualquer horário, sem necessidade de inscrição.
O artista – Uberê Guelé é um multiartista, nascido e criado no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. Guelé encontra nos retratos uma maneira de expressar a relação que cultiva com sua ancestralidade, e com os desdobramentos da mesma, em dor e beleza. Os rostos que caracterizam essa mostra talvez sejam afirmações de uma humanidade, explica: “Existo, resisto, sou um ser humano vivo e mereço ser tratado como tal”, diz.
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