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Jovens matriculadas em oficinas do CEJU preparam cartazes para o Ato em Solidariedade às mulheres Yanomami – Foto: Kin Titz /Ceju
. Nesta quarta-feira, 8 de março, a partir das 19h, a Praça da Bíblia será palco de diversas apresentações femininas, incluindo teatro, intérpretes musicais, e intervenções como projeção de vídeo e faixas denunciando a situação das jovens Yanomami. A atividade alusiva ao Dia Internacional da Mulher será um “Ato de solidariedade às Adolescentes Yanomami” e é organizada pelo Centro da Juventude – CEJU, de Foz do Iguaçu.
O Centro de Juventude já trabalha a cerca de um mês a organização do Ato. O trabalho é contínuo, e começou na informação dos jovens frequentadores do Centro da Juventude. Assim, a aproximação com a realidade vivida pelo povo Yanomami gerou debate e consciência sobre temas como colonização, expropriação, garimpo, feminicídio e genocídio de povos indígenas.
“Se ser mulher em nossa sociedade é uma luta diária, ser mulher indígena é bem mais complicado. Não é de hoje que as mulheres indígenas enfrentam problemas gravíssimos para (re)existirem em meio ao descaso governamental e a ganância desenfreada. O garimpo e o agronegócio promovem a invasão de suas terras, destruição de seus lares e atentados contra sua saúde, seus corpos e sua liberdade”, explica a psicóloga Rosângela Rocha, coordenadora do CEJU.
Dia da luta das Mulheres – Celebrada em 08 de março, a data internacional não só celebra as conquistas da mulher ao longo dos últimos séculos. Ela serve também para enfatizar, alertar e conscientizar sobre os problemas e desigualdades atuais, simbolizando a luta e o enfrentamento feminino. .
Em edições anteriores, o ato tratou de feminicídio e pandemia – Fotos: Áurea Cunha / Ceju
. Em anos anteriores, a celebração do CEJU teve como temas o feminicídio e mulheres vítimas do COVID. Como agente ativo na formação de jovens, o organismo sempre promove a data como momento de empoderamento e reflexão por meio de debates, manifestos e intervenções artísticas e culturais. Tais atividades são sempre organizadas de forma horizontal por arte-educadores e jovens atendidos, que abrem o espaço para a participação de artistas e o público em geral.
A questão indígena tomou conta do Centro no último mês – Fotos: Kin Titz /Ceju
2023, Yanomami – É dentro desta ótica que este ano o Centro da Juventude de Foz do Iguaçu propõe a denúncia e o debate acerca dos direitos básicos violados das crianças, jovens e mulheres Yanomami como tema principal do Dia 8.
“Neste ano de 2023, com a volta de um governo progressista, podemos escancarar o que há muito se fala sobre a invasão das terras Yanomami na região da fronteira entre o Brasil e Venezuela, na Amazônia, por garimpeiros ilegais. Com vista grossa dos governos, desmantelamento da FUNAI, e aparelhamento dos órgãos responsáveis, mais de 20 mil garimpeiros ilegais estavam atuando na região”, relata a psicóloga.
“Se não bastasse a destruição dos rios e florestas e a contaminação de mercúrio, há ainda denúncias gravíssimas sobre abusos e estupros de crianças e jovens indígenas, envolvendo ameaças e assédios diversos. Estima-se que há ao menos 30 mulheres, entre crianças e adultas, grávidas e que ainda houve outros casos com encaminhamentos de adoções ilegais”, argumenta a coordenadora do CEJU.
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