Corinthians bicampeão da Supercopa Feminina 2023 – Divulgação / CBF
. Chegou mais um 8 de março, Dia Internacional das Mulheres — no plural, porque não há mulher universal. Dia de luta política e não de ganhar flores para reforçar um ideal de feminilidade (os chocolates e o pix estou na fase de aceitar). Mas o que esse dia significa para o futebol?
Nenhuma novidade que o esporte em geral, e o futebol, em particular, se constituiu como um espaço de hegemonia masculina: feito por homens e para homens. Essa cultura corporativista machista segue até hoje, basta ver os inúmeros casos de violência contra mulher perpetrados por jogadores. E nem vou falar dos absurdos alegados na defesa do caso Daniel Alves — aliás, quantos atletas e profissionais da área se pronunciaram sobre a situação? Um silêncio ensurdecedor.
Com relação ao futebol de mulheres, em setembro do ano passado escrevi o texto “Futebol de Mulheres é realidade” falando sobre as finais do Brasileirão e a quebra do recorde de público, projetando a chegada do dia em que não será novidade noticiarmos as 40 mil pessoas reunidas em um estádio para assistir a uma partida da modalidade. Continuo com esse pensamento otimista. Nos últimos anos houve um avanço significativo na estruturação do futebol de mulheres: mais competições, melhor calendário, maior visibilidade e cobertura midiática, interesse de patrocinadores, crescimento de público, melhores condições para as atletas. E arrisco dizer que estamos em um ponto de não retorno. É o famoso “foguete não tem ré”.
Será o suficiente? Já chegamos ao ideal almejado? Definitivamente não. Soa clichê, mas ainda há muito a ser feito. O Brasileirão 2023 iniciou com problemas de transmissão e as primeiras rodadas não serão transmitidas na televisão aberta. O descaso da diretoria do Ceará com sua equipe feminina é absurdo. Goleadas acontecendo por uma disparidade enorme entre os times. Enfim, existem problemas perenes na modalidade — e precisamos enfrentá-los. Mas como o futebol de mulheres é (e sempre foi) resistência, seguiremos na luta para alcançar o respeito e a igualdade que merecemos.
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