Muito se sabe a respeito do quadro emergencial em que se encontra o acervo da Cinemateca Brasileira, que tem sua origem a partir da organização da sociedade civil e abriga mais de 120 anos de história da cultura audiovisual brasileira. Mas pouco tem se falado sobre a situação do seu corpo de trabalhadores, cuja sobrevivência também se encontra inteiramente em risco. Nesse atual cenário, não podemos esquecer que sem trabalhadores não se constroem nem se preservam acervos, ainda mais em uma instituição como a Cinemateca, cujo conhecimento e competência na preservação e difusão do patrimônio audiovisual brasileiro são construídos e atualizados diariamente, na totalidade das suas atividades correntes e de médio e longo prazo.
“O meio cultural é permeado por um discurso do trabalho por amor, do sacrifício para manter o patrimônio cultural, o sacríficio individual missionário.
Basta desse discurso!
Somos profissionais e amamos o nosso trabalho, mas o fazemos também pela remuneração. Lutamos pelo nosso sustento e de nossas famílias!
Salvaguardar o patrimônio cultural brasileiro é dever do Estado e podemos pressioná-lo a isso, a investir efetivamente e a desenvolver uma política cultural a altura das necessidades desse patrimônio! No entanto, não podemos exigir dos indivíduos, dos trabalhadores, que carreguem esse peso nas costas.
Os trabalhadores da Cinemateca Brasileira e da TV Escola, em sua grande maioria CLTs mas também há 11 prestadores de serviços, estão há dois meses ou mais sem receber seus pagamentos. Muito tem se falado sobre o acervo da Cinemateca e o risco que ele corre com um aventado fechamento da instituição pelo governo, mas pouco se fala sobre a situação desses funcionários que não possuem qualquer possibilidade de renda frente a pandemia. À caminho do terceiro mês sem pagamentos, decidimos paralisar nossas atividades neste dia 12 de junho de 2020.
Neste dia ocorrerá uma reunião do Conselho Administrativo da ACERP, empresa gestora da Cinemateca e da TV Escola, que decidirá o futuro da associação. O dia 12 também marca a data limite e arbitrariamente estabelecida pela ACERP para a demissão voluntária de seus trabalhadores, sem o efetivo pagamento da recisão. Então, decidimos cruzar os braços para pressionar o Conselho a chegar a uma decisão e sair do impasse em relação aos trabalhadores.
Queremos um posicionamento claro da empresa, uma declaração da situação de seu caixa e planejamento de suas ações para que parem de brincar com a nossa sobrevivência e que encaminhe algo resoluto em relação aos pagamentos. Exigimos os pagamentos devidos!
Sem salário, sem trabalho.”
Ajude os trabalhadores da Cinemateca e suas famílias. Acesse a campanha de arrecadação: https://benfeitoria.com/trabalhadoresdacinemateca
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