Frasco de dexametasona. Seu preço médio no Brasil é de 10 reais. (foto: reprodução)
. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, difundiram nesta terça-feira (16) o resultado de um estudo indicando que o corticoide dexametasona, usado em pacientes com casos graves de covid-19, conseguiu reduzir em 35% o número de mortes.
O medicamento tem ação anti-inflamatória e é de baixo custo (no Brasil, uma caixa de 10 comprimidos de dexametasona custa pode custar entre 7 e 13 reais, dependendo da região), o que faz com que esta seja uma muito boa notícia, já que significa uma maior chance de sobrevivência através de um produto acessível para grande parte das pessoas.
No entanto, os investigadores ressaltam o fato de que a redução no número de mortes não significa que a dexametasona seja uma cura infalível.
“Este é um resultado extremamente bem-vindo, pois a maior sobrevivência em pacientes que estavam em tratamento com oxigênio foi um resultado claro e amplo. Então, a dexametasona poderia se tornar padrão nesses casos, o que não vai curar todos os pacientes, mas vai reduzir significativamente o número de mortes”, disse Peter Horby, um dos líderes da equipe que desenvolveu o estudo em Oxford.
A notícia repercutiu rapidamente em todo o mundo. O Ministério da Saúde do Reino Unido já confirmou que vai inclui-lo no tratamento da covid-19, e vários outros países já anunciaram que irão provar o medicamento em seus hospitais.
No Brasil, a notícia também repercutiu positivamente, e a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) se pronunciou rapidamente sobre o tema, recomendando provar o uso do medicamento em pacientes graves de covid-19, com base nos resultados de Oxford, mas tomando as precauções necessárias de acordo aos seus efeitos colaterais. (Forum)
O estudo liderado pela Universidade de Oxford investigou, de forma aleatória, 2.104 pacientes que receberam o medicamento e foram comparados com o quadro de outros 4.321 doentes, não medicados com o anti-inflamatório. Após quatro semanas de uso, o medicamento reduziu as mortes em 35% nos pacientes que precisavam de tratamento com aparelhos respiratórios e em 20% naqueles que precisavam apenas de oxigênio suplementar.
Quanto aos casos mais leves da COVID-19, o uso do medicamento não representou significativa melhora. Ainda na análise, os pesquisadores estimaram que esse corticoide poderia evitar uma morte para cada oito pacientes tratados em aparelhos respiratórios e um para cada 25 pacientes em uso de oxigênio extra.
“Esses são grandes efeitos”, explicou o pesquisador de Oxford responsável pelo estudo, Martin Landray. Entre os atrativos da droga estão também o preço acessível, segundo Landray: “é notavelmente barato, talvez US$ 20 ou US$ 30 por todo um curso de tratamento”.
Corticoides como o dexametasona são eficazes no tratamento de inflamações, um quadro bastante comum no pulmão de pacientes graves da COVID-19. Isso acontece conforme o sistema imunológico da pessoa reage para combater a infecção do coronavírus e, por isso, os pesquisadores resolveram testar a droga. No organismo, a batalha contra a COVID-19 danifica, em alguns casos de forma drástica, os pulmões dos pacientes.
Além dos quadros da COVID-19, os corticoides são usados para combater infecções fúngicas e bacterianas, como meningite e um tipo específico de pneumonia comum em pacientes com HIV, mas não se mostraram tão úteis contra a gripe ou outras doenças virais, por exemplo.
Sobre as pesquisas iniciais com a droga, até o momento, não foram compartilhados dados sobre os efeitos colaterais da sua medicação. Sabe-se que, a longo prazo, a dexametasona é conhecida por afetar os rins e a imunidade dos pacientes. No entanto, os pesquisadores alegaram o uso de uma dose baixa e por um curto período de tempo, o que geralmente é seguro.
“A dose baixa a curto prazo não deve ser um problema, mas os esteroides [corticoides] têm muitos efeitos colaterais”, incluindo ganho de peso, pressão alta, retenção de água, alterações de humor, problemas de sono e problemas de sono e aumento de açúcar no sangue para pessoas com diabetes”, explica Francisco Marty, especialista em doenças infecciosas no Brigham and Women’s Hospital em Boston, nos Estados Unidos.
Outra parte desse mesmo estudo de Oxford para investigar drogas contra a COVID-19 já demonstrou, anteriormente, que a hidroxicloroquina não estava funcionando, da forma esperada, contra o novo coronavírus. Além da dexametasona, outros dois corticoides foram testados: prednisolona e hidrocortisona. No entanto, para eles, ainda não existem pesquisas detalhadas. (Canal Tech / Fonte: AP News)
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