Entrada da comunidade avá-guarani Tekoha Ocoy em São Miguel do Iguaçu, Pr. (Foto: Cacique Celso Japoty Alves)
Com 24 casos de covid-19 registrados em um período de quatro dias (até sábado (20)*, a comunidade avá-guarani Tekoha Ocoy, de São Miguel do Iguaçu, município situado a 45 quilômetros de Foz do Iguaçu, luta para conter o avanço da doença. As entradas da aldeia foram fechadas para impedir o acesso de pessoas, exceto equipes de saúde e assistência.
Profissionais de saúde do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu foram à comunidade neste domingo (21) e ontem para fazer testes. Dos 24 casos confirmados, 13 apresentaram resultados positivos nos testes realizados sábado. Outras 12 pessoas aguardam resultado e há ainda 22 suspeitos. Entre os infectados estão crianças, jovens e idosos. Situada às margens do Lago de Itaipu, a comunidade reúne cerca de 210 famílias e 900 pessoas.
O primeiro caso foi diagnosticado na última quarta-feira, 17, em um membro da comunidade que trabalha na Cooperativa Lar, em Matelândia. A preocupação é grande entre os guaranis porque 45 pessoas da reserva são funcionários do frigorífico. A partir de pedido feito pelo cacique da comunidade, Celso Japoty Alves, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal recomendaram à empresa o afastamento remunerado dos guaranis, nas unidades de Matelândia e Medianeira, durante a pandemia, pelo fato de eles estarem inseridos em grupo de risco.
Preocupado com a situação, Celso Japoty diz estar tomando medidas para conter o avanço da doença e mantendo o isolamento na aldeia. “Estamos tentando controlar a doença”, afirma.
Pelo menos dez pessoas com casos confirmados estão isoladas na escola da comunidade. Outras ficam abrigadas em barracas. Na quinta-feira, um bebê chegou a ser internado após testar positivo.
A preocupação já chegou a outras comunidades. No município de Santa Helena, a comunidade V’ya Renda também está proibindo a entrada de pessoas.
A Prefeitura de São Miguel do Iguaçu, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Itaipu, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Fundação Nacional do Índio (Funai), Fundação Itaiguapy e outras entidades se mobilizaram em prol dos guaranis para realizar os testes e providenciar itens de higiene e máscaras.
Comunidade V’ya Renda no município de Santa Helena, Pr. (Foto: Mari)
Precaução
Desde o início da pandemia, os guaranis adotavam medidas sanitárias, limitando a entrada de pessoas na aldeia. Eles saíam somente para fazer compras e trabalhar.
No entanto, em razão das características culturais, o isolamento social para os guaranis tem outro sentido, informa o professor de História da Unila Clóvis Briguetti. “O conceito de ‘ficar em casa’ é diferente para os avás. Na maioria das comunidades guarani aqui a casa é a própria aldeia, e a circulação dentro da aldeia é grande”, explica. Esse fator cultural faz com que eles circulem mais dentro da comunidade.
Campanha
Uma campanha está sendo feita para arrecadar dinheiro e produtos alimentícios e de higiene pessoal. Os itens podem ser entregues no Posto de Saúde de Santa Rosa ou na entrada da aldeia. Quem preferir pode fazer transferência bancária.
Informações para entrega: cacique Celso Japoty Alves – (45) 99984-74278
Para depósito em conta bancária:
Caixa Econômica Federal Agência: 3842 Conta: 22199-0 Rhuan Guilherme Tardo Ribeiro
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