Por razões políticas o poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá um desempregado (Massimo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondência do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade, sendo que o carteiro solicita e recebe a ajuda do poeta a fim de conquistar o grande amor de sua vida. O filme foi vencedor do Oscar de melhor trilha sonora e é uma versão cinematográfica de um livro do escritor chileno Antonio Skármeta.
O filme é uma adaptação do livro. O poeta Pablo Neruda nunca passou por aquela ilha na Itália. O filme é uma obra prima repleta de significados, de signos verbais e não verbais: a música, a paisagem, a poesia, o amor, aprendizado, a amizade e outros tantos. O longa conta a aventura do carteiro, um filho de pescador humilde, Mario Ruoppolo, que passa a ser amigo do poeta Neruda. Uma amizade que vai transformando a vida de Mário, quase um analfabeto.
Pablo Neruda dá um livro de poesia para Mário e o ajuda na conquista de Beatrice Russo. São os versos do poeta que Mário utiliza para conquistar o amor de Beatrice. “A poesia não pertence ao poeta que a escreveu, mas a quem precisa dela”, diz Mário.
Mário descobre um mundo novo através das metáforas. Passa a ver até sua ilha de outra maneira. As metáforas são muito mais que meros detalhes neste mundo que mescla ficção e realidade, nos ensinam a ver poesia, a beleza e, acima de tudo imagens em outras imagens, em todos os lugares, mesmo nos mais rotineiros detalhes da vida. “Quando tentamos explicar, a poesia se torna banal. Melhor do que qualquer explicação é a experiência das emoções que a poesia revela para uma alma disposta a compreendê-la”, diz Neruda, no filme.
Mário descobre a beleza da sua ilha e grava o som do mar, do vento, a batida do coração do filho para enviar ao poeta. Ele não escreve, mas passa a ver poesia beleza em tudo.
A amizade de Mário por Neruda é impressionante. Mário é fiel ao amigo, não se coloca acima do amigo, nem cobra nada. É uma amizade verdadeira, gratuita. É importante frisar que o filme exclui boa parte do contexto sócio-histórico chileno que está bastante presente no livro de Skármeta. Em especial, diminui a estatura do carteiro de Skármeta, que é um sujeito político engajado nas lutas políticas de seu tempo.
Mesmo com os limites inerentes a de uma adaptação de obra literária para o cinema, “O carteiro e o poeta” é um filme para se ver de vez em quando para se recuperar a humanidade dentro da gente. Leve, profundo, ele nos conecta com a simplicidade e beleza da vida.
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