A manifestação, a quarta desde maio, foi na frente do TTU (Fotos: Marcos Labanca / H2Foz)
Movimentos sindicais, populares e estudantis de Foz do Iguaçu promoveram o quarto protesto em menos de dois meses contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta terça-feira, 13. As manifestações anteriores ocorreram em 3 de julho, 20 de junho e 29 de maio.
Em frente ao Terminal de Transporte Urbano (TTU), participantes do ato público levantaram faixas, cartazes e bandeiras, distribuíram materiais e se revezaram em falas públicas ao microfone. O movimento foi organizado por entidades que compõem a Unidade Sindical e Popular.
Agilidade na vacinação em massa contra a covid-19, as cerca de 530 mil mortes no país pela doença e as críticas à gestão do governo federal relacionada à pandemia deram o tom do protesto. Os pedidos foram para a retirada de Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB), da Presidência.
As denúncias de irregularidades em compra de vacinas também integraram a pauta do ato público contra Bolsonaro em Foz do Iguaçu. A privatização dos Correios, a reforma administrativa e o valor do Auxílio Emergencial, considerado baixo, também receberam críticas.
A professora Valdilena Rammé acredita que Bolsonaro e o governo federal contribuem para amplificar os efeitos da pandemia no país. Para ela, o presidente tem responsabilidade direta pela vacinação lenta e deve ser responsabilizado por irregularidades na compra de vacinas.
Valdilena Rammé: “Gestão horrorosa da pandemia e agora ainda com acusações de corrupção na compra de vacinas” (Foto: Marcos Labanca)
“Estou aqui [no protesto] por fora Bolsonaro e os militares”, declarou. “É uma gestão horrorosa da pandemia e agora ainda com acusações de corrupção na compra de vacinas. Passamos de meio milhão de mortes por covid-19, nossa população precisa comover-se com tantas perdas”, apontou.
Estudante do Ensino Médio, Marcos Oleisak, de 18 anos, afirmou que perdeu três familiares para a covid-19 e vários amigos. Para ele, o presidente estimula o descuido das regras sanitárias e deixou de adotar os procedimentos corretos para a compra de imunizantes de proteção contra o novo coronavírus.
“Boa parte do meio milhão de mortes por covid-19 era evitável. Estamos vendo que foram muitas ofertas de vacinas que não foram nem respondidas pelo governo”, frisou. A falta de trabalho também é sua reclamação. “Depois de quase três anos, só agora estou conseguindo trabalhar”, de forma autônoma, contou.
A manifestação no TTU questionou o retorno às aulas presenciais sem o controle efetivo da pandemia e a vacinação da maior parte da população. As críticas a Bolsonaro foram estendidas a prefeitos e governadores que autorizaram a reabertura dos estabelecimentos de ensino.
“Estamos tendo perdas de vidas todos os dias de nossos colegas professores e funcionários de escolas”, enfatizou o agente educacional e presidente da APP-Sindicato/Foz, Diego Valdez. “Precisamos fazer com que esses movimentos coletivos ganhem mais força para que possamos defender a vida”, sublinhou.
O produtor cultural João Otávio Lourenço convidou a população para manter um diálogo maior sobre os problemas do país. “Estamos mergulhados em crise, com a vacina chegando muito devagar. Manifestações como a de hoje ajudam a organizar as pessoas por melhorias para o Brasil”, avaliou, em frente ao TTU, ao microfone.
Nos protestos anteriores, no começo deste mês, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais. Sem referir-se diretamente às manifestações que ocorriam, escreveu que genocídios ou ações antidemocráticas não seriam apontados nos protestos contra o seu governo, fazendo uma relação com o embate político.
“Nenhum genocídio será apontado. Nenhuma escalada autoritária ou “ato antidemocrático” será citado”, anotou. “Nenhuma ameaça à democracia será alertada. Nenhuma busca e apreensão será feita. Nenhum sigilo será quebrado. Lembrem-se: nunca foi por saúde ou democracia, sempre foi pelo poder!”, completou Bolsonaro.
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