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Em 2009, celebrando os 250 anos da morte de Sepé Tiaraju, o Estado brasileiro, através de lei federal, passou a reconhecer o líder guarani como Herói do povo brasileiro.
No dia 07 de fevereiro de 1756, uma aliança entre espanhóis e portugueses derrotou um destacamento dos Guarani, na zona missioneira de Macacaí, hoje estado do Rio Grande do Sul. O governador de Montevidéu, José Joaquim Viana, com um tiro de pistola, mata Sepé Tiaraju, símbolo da Guerra Guaranítica, em defesa da terra e contra e escravização dos Povos das Missões.
Logo depois, mil quinhentos índios foram cruelmente massacrados, finalizando a Guerra Guaranítica, que durou entre 1753 e 1756. Sem o seu maior líder, e já contabilizando muitas baixas em combate, e pelas precárias condições de subsidências a que foram confinados, os guaranis ainda resistiram até o ano de 1767, valendo-se das táticas guerrilheiras, aprendidas com Tiarajú.
Perdida a guerra, indígenas e padres se refugiaram no lado paraguaio. Percebendo que a presença dos jesuítas prejudicava o controle, o rei de Espanha os expulsou da região platina, em 1768.
As reduções jesuíticas surgiram durante o século XVII, no território onde mais tarde, tornou-se estado brasileiro do Rio Grande do Sul, foram destruídas por bandeirantes, reconstruídas mais vez, e, atingiram, no ano de 1750, o ápice de sua organização. Reunidos nas terras que a Espanha reivindicava como a sua expansão nas Américas, milhares de índios habitavam as aldeias formadas por padres jesuítas da Companhia de Jesus, que pretendiam “reconduzir os aborígenes a fé cristã e a vivencias em sociedade”, inspirada nos valores do homem branco. As reduções formaram trinta e três cidades missioneiras, cada uma com uma população entre sete e dez mil habitantes, divididas nos territórios do Brasil, Argentina e Paraguai, ao que se chamou de “República dos Guaranis”.
Diferentes pesquisadores compartilham a opinião de que os índios missioneiros viviam num regime cooperativo, cultivavam a terra plantando de erva-mate, milho, mandioca e algodão, criavam animais, produziam confecções em couro, utilizava-se da arquitetura e da metalurgia, dividindo o tempo de trabalho entre a produção individual e coletiva, o que garantia o sustendo de toda a comunidade. Vigorava entre eles, um sistema de troca de objetos e serviços, não havendo moeda. Já à época, desenvolveram um sistema de assistência designado “cotiguaçu”, que sustentava mulheres e crianças órfãs.
Em que pese todo o processo de ocidentalização da população indígena e a consequente conquista dos territórios sul-americanos aos europeu, os Povos da Missões alcançaram elevada organização do processo do trabalho, na educação, nas artes e na cultura.
“Esta terra tem dono”
O Símbolo Sepé – Nascido José Tiarajú, provavelmente em 1723, na redução de São Luiz Gonzaga, tornou-se Sepé Tiarajú. Era índio guarani, um dos primeiros povos habitar o Rio Grande do Sul, muito tempo antes de chegarem os primeiros europeus. Órfão ainda criança, foi atingido pela peste escarlatina, a mesma doença que vitimou sues pais.
Em decorrência da doença, Sepé obteve uma cicatriz na testa e um leve afundamento craniano em que, conforme sua posição, os raios solares promoviam certa luminosidade. Por esse fato, tornou-se Tiarajú, ou , “facho de luz”. Sepé Tiarajú era um grande guerreiro, forte e rápido, sempre destacando-se nos jogos indígenas. Foi escolhido Corregedor da Redução de São Miguel, em 1750, data da assinatura do Tratado de Madri. Ao lado do Corregedor da Redução de Santa Maria, Nicolau Ñenguiru, Sepé comandou a luta contra a expulsão e o saque de seu povo, durante a Guerra Guaranítica.
Após sua morte, prosperaram muitas lendas entre os índios. Uma delas, diz que Sepé lutava com um ser sobrenatural quando foi atingido, pelas costas, por um dragão português. Três dias depois de sua morte, nas colinas de Caiboaté, foram massacrados mil e quinhentos índios, que se jogavam contra a artilharia inimiga, gritando o nome de Sepé. Poucos sobreviventes juravam te-lo visto entre a nuvem de pólvora, montado em seu cavalo, com uma lança de fogo nas mãos. Como personagem individual desta epopéica resistência, Sepé Tiarajú é o substrato da luta histórica contra a opressão e por um projeto de sociedade igualitária. A cada momento da história, o legado de Sepé e de seu povo renasce como advertência a intolerância e a injustiça.
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