O espaço é livre para todas as pessoas que queiram expor e compartilhar da arte, autoras ou não – foto: acervo Slam
.
A Slam de la Frontera, assim, em um bom portunhol , está de volta neste sábado (05), com início da programação marcada para as 17h30, na praça da Biblioteca Comunitária do bairro Cidade Nova II. As inscrições para a “batalha” onde a munição é poesia, podem ser feitas até meia horas antes de começar a competição propriamente dita, às 19 horas. A participação é livre e gratuita. O espaço mais que convidativo para todas as pessoas que queiram expor e compartilhar da arte, autoras ou não.
Esta é mais uma edição do projeto que está reunindo quem gosta de poesia, de expressão poética e oralidade. Marcadas para acontecer quinzenalmente, as atividades da slam – que é uma competição em que poetas leem ou recitam trabalho original e são julgados pela plateia ou por jurados previamente escolhidos – ocupam os espaços externos da Biblioteca do Cidade Nova com expressão poética e partilha de ideias.
Rosa Jhey, fotógrafa e estudante de Letras, Artes e Mediação Cultural da Unila e quem atualmente organiza o Slam de la Frontera, convida: “Então, chega junto com sua poesia no celular, caderninho, na mente, como for. O importante é passar a mensagem!”
A realização do projeto é feita de forma independente e semopre conta com apoios de outros agentes culturais, ainda que sem uma estabilidade. “O apoio que recebemos é coletivo; alguém tem um equipamento e empresta, como microfone e caixas de som, mas não é toda edição que isso acontece”, comenta Jhey.
Os eventos que eram realizados anteriormente na Vila C mudaram para o bairro Cidade Nova. Agora, a Slam de la Frontera acontecerá no primeiro e terceiro sábado de cada mês, na praça em frente da Biblioteca Comunitária CNI, no bairro Cidade Nova II. E a mudança entusiasma a coordenadora Jhey.
“Ter mudado para a praça da Biblioteca do CNI foi a melhor opção; a visibilidade vai ser maior para ambas as partes. Ainda por cima estaremos em um espaço que condiz muito com o que acreditamos em relação ao incentivo à leitura e escrita, entre outras coisas. Nesse retorno, o Mano Zeu (DJ e poeta) colou com seu equipamento para fortalecer. Dona Elza (liderança comunitária do bairro) foi super solícita em abraçar a ideia do rap transformando vidas. O Coletivo Pé no Chão Produção Cultural também está presente, fortalecendo o movimento.
História De palavra – Jhey conta que o jogo e o compromisso com as palavras começou já faz um tempinho naquela região de Foz do Iguaçu. Primeiro na Vila C e, agora, no bairro Cidade Nova. “Pra quem não conhece a Slam de La Frontera, nos organizamos em meados de 2019. Começamos a diretoria entre quatro minas pretas: Aislene Lopes, Amanda Coutinho, Jhey Rosza e Nayne Gutierrez’, conta.
“Cada qual de uma vivência, lugar e experiências diferentes, mas com o objetivo de formar um espaço no qual nós pudéssemos dar visibilidade às nossas narrativas enquanto pessoas negras, indígenas, caribenhas e latino-americanas. E isso através da literatura marginal que se baseia na liberdade de escrita a partir de nossas experiências individuais e coletivas.”, completa.
Porém, a pandemia de COVID-19 chegou e, assim como tantas outras vivências coletivas, as atividades das quatro com a Slam tiveram de ser interrompidas. Por serem oriundas de lugares diversos, optaram por voltar para suas cidades de origem.
Rosa Jhey que voltou do interior de São Paulo às atividades em Foz do Iguaçu, ainda mora na Vila C mas já está de mudanças de mala e cuia para o bairro que acolheu a ideia pela qual tanto persiste. “Agora nesse momento estou só eu na organização. Porém, tem outras pessoas envolvidas e que estão se agregando aos poucos na organização. Vi essa necessidade de estar voltando, porque a demanda de ter um espaço pra compartilhar escritas, é grande! Tem muita gente que escreve poesias, contos, de tudo quanto é tema que é importante compartilhar com outras pessoas pra continuar a construir essa rede da escrita marginal”.
Ampliação do leque – Rosa Jhey conta que no início, ela e suas companheira debateram muito sobre abrir ou não a competição para todo mundo ou reservar para a participação só de mulheres. O ponto era que as batalhas de rima que aconteciam pela cidade tinham o espaço mais masculinizado, e elas pretendiam um onde as mulheres fossem protagonistas e acolhidas. Ainda que mantendo o objetivo principal, fizeram adaptações com o tempo, levando em conta a necessidade de expandir a prática e o entendimento da atividade.
“Em Foz, poucas pessoas sabem o que é um slam, ou uma batalha de poesia, em si, daí a necessidade de um trabalho de base para construir essa identidade da Slam de la frontera.”, explica. A ressalva que a poeta mantém é de que na atual retomada, aberta a quem quiser participar da competição, a “organização terá uma equipe composta por minas, monas e manas e pessoas não binárias.”
Como gosta de frisar Rosa Jhey, “pra poesia no hay barrera!” Por supuesto então que é bom visitar a página no instagram da Slam de La Frontera e aprender mais. Se tiver afim, Clique, aqui.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.