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Lépida e leve
És tão mansa e macia, que teu nome a ti mesma acaricia, que teu nome por ti roça, flexuosamente, como rítmica serpente, e se faz menos rudo, o vocábulo, ao teu contacto de veludo.
Dominadora do desejo humano, estatuária da palavra, ódio, paixão, mentira, desengano, por ti que incêndio no Universo lavra!… és o réptil que voa, o divino pecado que as asas musicais, às vezes, solta, à toa. e que a Terra povoa e despovoa, quando é de seu agrado.
Sol dos ouvidos, sabiá do tato, ó língua-idéia, ó língua-sensação, em que olvido insensato, em que tolo recato, te hão deixado o louvor, a exaltação!
– Tu que irradiar pudeste os mais formosos poemas! – Tu que orquestrar soubeste as carícias supremas!
Língua do meu Amor velosa e doce, que me convences de que sou frase, que me contornas, que me vestes quase, como se o corpo meu de ti vindo me fosse. Língua que me cativas, que me enleias ou surtos de ave estranha, em linhas longas de invisíveis teias, de que és, há tanto, habilidosa aranha…
Língua-lâmina, língua-labareda, língua-linfa, coleando, em deslizes de seda… Força inferia e divina faz com que o bem e o mal resumas, língua-cáustica, língua-cocaína, língua de mel, língua de plumas?…
Amo-te as sugestões gloriosas e funestas, amo-te como todas as mulheres te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor, pela carne de som que à idéia emprestas e pelas frases mudas que proferes nos silêncios de Amor!…
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