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Frame do filme Rapsódia para um homem negro (2015) (imagem: divulgação)
Reimaginando novos mundos a partir da experiência da diáspora africana, misturando tecnologia, ancestralidade e ficção científica, a perspectiva afrofuturista tem suas origens em diversas iniciativas de artistas negros dos Estados Unidos. O termo, cunhado nos anos 1990 por Mark Dery, reúne conceitualmente estéticas e temáticas trabalhadas por artistas negros, cujas raízes podem ser remontadas desde a década de 1950. É dentro desse tema que chega à Itaú Cultural play, nesta sexta (26), a mostra Despertar afrofuturista, com cinco filmes de jovens cineastas que incursionaram pela poética afrofuturista de maneira original e inventiva, a partir de perspectivas bem brasileiras.
Beatitude, de Délio Freire (2015)
Frame do filme Beatitude (2015) (imagem: divulgação)
[classificação indicativa: 12 anos]
Cinema, música, dança e realismo fantástico marcam presença nesta narrativa, que traz elementos da cultura africana do passado, do presente e do futuro. O curta é inspirado no mito de Anastácia, mulher negra escravizada que era curandeira e é tida por muitos como milagrosa. O filme conta a história do amor entre Ajalá, o modelador de Orís, e Anastácia, a mártir encarnada, moldado pelo sentimento e o ofício de ambos com o barro. A relação entre os dois é aprovada pelos padrinhos Oxum e São Benedito, mas não por todos os orixás. O que o futuro lhes reservará?
Rapsódia para o Homem Negro (Rhapsody for the Black Men) from Filmes de Plástico on Vimeo.
Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins (2015)
[classificação indicativa: 14 anos]
A saga de Odé é apresentada como um misto de ficção e realidade. Sua história se desenrola entre sonhos, relatos, visões, flashbacks e alegorias das religiões afro-brasileiras, retratadas em uma fotografia potente, que ajuda a delimitar o que é imaginário e o que é real na vida do personagem. Odé é um homem marcado pela morte violenta de seu irmão Luiz, assassinado durante um conflito numa ocupação urbana, em Belo Horizonte. Como um orixá guerreiro, munido de sua força e espiritualidade, Odé sai em busca de justiça e busca compreender os motivos da barbárie.
Cartuchos de Supernintendo em Anéis de Saturno, de Leon Reis (2018)
Frame do filme Cartuchos de Supernintendo em Anéis de Saturno (2018) (imagem: divulgação)
De noite numa rua, um rapaz tenta consertar sua bicicleta. Sem sucesso, ele caminha a esmo até encontrar um jovem que mora por ali. Eles conversam sobre como resolver o problema. Mas, à medida que o diálogo evolui, um estranho mundo de personagens e situações ameaçadoras começa a surgir. Exibido no Festival de Roterdã, na Holanda, o curta mistura ficção científica e poesia para narrar uma história em que o real é surpreendido pelo fantástico. Cenas de um filme clássico do americano David W. Griffith sugerem uma instigante reflexão sobre o racismo e o nascimento do cinema.
Frame do filme Preces precipitadas de um lugar sagrado que não existe mais (2019) (imagem: divulgação)
. Preces precipitadas de um lugar sagrado que não existe mais, de Mike Dutra e Rafael Luan (2019)
Ao lado de um amigo, Breno aguarda um ônibus para voltar para casa, na periferia de Fortaleza. De repente, ele é raptado para um misterioso espaço-tempo entre o passado, o presente e o futuro. Nele, Breno encontra Zuri e Akin, e os três decidem voltar às raízes da luta antirracista e mudar o curso da história. Realizado de maneira independente, por meio de uma campanha de financiamento coletivo, o curta desses jovens do Ceará se vale de recursos sonoros e enquadramentos atípicos para descrever a jornada de três personagens em busca de um passado sombrio, que guarda ao mesmo tempo as sementes de um futuro melhor.
Blackout, de Rossandra Leone (2020)
Num futuro não muito distante, no ano de 2048, a realidade do povo negro e periférico no Brasil segue desigual como nos tempos atuais. Insatisfeita com a situação, a jovem Luana resolve subverter o sistema por meio de ferramentas tecnológicas e uma poderosa rede de contatos. Dirigido e protagonizado por mulheres negras, o curta se pauta pela ancestralidade e pelo empoderamento feminino para pensar soluções para um futuro que ainda apresenta ecos do passado e do presente.
Frame do filme Blackout (2020) (imagem: divulgação)
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