. A árvore não tinha folha, não tinha tronco, não tinha galho e nem fazia sombra. Muito menos bebia água. A planta não sabia o que era sol, vento, primavera ou inverno. Porém, o Pé de Sagu era motivo de curiosidade e falatório nas rodas de conversas.
A novidade foi trazida para o Templo dos Sábios por um guru. Um cidadão que fazia muito bem seu marketing pessoal. Sua vasta barba ensebada chamava a atenção. Seus argumentos dicionarizados geravam dúvidas e reações necessárias para a confusão mental.
O comportamento do guru foi significativo para empolgar meia dúzia de pessoas. O sucesso foi tão rápido, que logo os recém-chegados ao Templo dos Sábios começaram a seguir o cardápio da casa. Os homens deixavam a barba crescer, já as moças optavam por abdicar da vida de mãe.
O rebanho do Templo dos Sábios crescia, inchava e assombrava. Chegavam à entidade pessoas de diversas províncias e naipes. Todos na ânsia de conhecer, desvendar, desdobrar, pesquisar, tabular, quantificar e qualificar o Pé de Sagu.
O Templo dos Sábios se desenvolvia em cima desta conversa. Mesmo sem ninguém nunca ter visto a dita árvore. Alguns ainda questionavam. A estes questionadores eram dados à liderança das células, grupos de trabalho e pesquisas.
Dezenas de pessoas tornavam-se cabeças dos grupos e centros de pesquisa. Cada qual com sua patente, departamento e excelência dentro das áreas do conhecimento. Chegar a este estágio era a garantia de acesso a espaços nobres na província.
Todos se consideravam sábios, mesmo sem saber de nada. A história do Pé de Sagu fisgava e cegava o rebanho. O Sagu ganhava os livros, revistas científicas e simpósios. Até que um dia encontraram o guru enforcado numa pequena hortaliça. O episódio foi o congraçamento dos sábios.
– Finalmente descobrimos o Pé de Sagu.
Eles não sabiam que a planta enroscada ao pescoço do senhor era chamada pela população de cebolinha, um acompanhamento para o tempero da comida local.
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