Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para a poesia
O homem que possui um pente
Terreno de 10×20, sujo de mato – os que nele gorjeiam: detritos semoventes, latas servem para poesia
Um chevrolé gosmento Coleção de besouros abstêmios O bule de Braque sem boca são bons para poesia
As coisas que não levam a nada têm grande importância
Cada coisa ordinária é um elemento de estima
Cada coisa sem préstimo tem seu lugar na poesia ou na geral
O que se encontra em ninho de joão-ferreira : caco de vidro, garampos, retratos de formatura, servem demais para poesia
As coisas que não pretendem, como por exemplo: pedras que cheiram água, homens que atravessam períodos de árvore, se prestam para poesia
Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia
As coisas que os líquenes comem – sapatos, adjetivos – tem muita importância para os pulmões da poesia
Tudo aquilo que a nossa civilização rejeita, pisa e mija em cima, serve para poesia
Os loucos de água e estandarte servem demais O traste é ótimo O pobre – diabo é colosso
Tudo que explique o alicate cremoso e o lodo das estrelas serve demais da conta
Pessoas desimportantes dão para poesia qualquer pessoa ou escada
Tudo que explique a lagartixa de esteira e a laminação de sabiás é muito importante para a poesia
O que é bom para o lixo é bom para poesia
Importante sobremaneira é a palavra repositório; a palavra repositório eu conheço bem: tem muitas repercussões como um algibe entupido de silêncio sabe a destroços
As coisas jogadas fora têm grande importância – como um homem jogado fora
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