O professor e filósofo foi entrevistado no Marco Zero, produção do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9 – foto: Moacir Jr/Marco Zero
De H2Foz / Por Paulo Bogler Há quem tenha escrito que a morte não é oposição à vida, mas sua parte essencial, para que o ser humano dê dimensão ao valor que existe em viver. Com a consciência da finitude, emerge a importância da compreensão do tempo, domínio que pode repelir frivolidades e ajudar o indivíduo a concentrar-se naquilo que importa à existência.
Tempo, pois, será o tema do 4.º Café Filosófico em Foz do Iguaçu, realizado pelo Professor Caverna, que irá reunir 400 jovens para filosofar em um ambiente de respeito às ideias, valorização da convivência e cultura. Como se denomina, o “filósofo de rua” participou do Marco Zero, produção do H2FOZ e Rádio Clube FM 100,9.
O encontro, que também incluirá pessoas de outras gerações, não somente a juventude, será em 5 de outubro, no Zeppelin Old Bar. O docente reforçou que o Café Filosófico é um espaço para o debate sem bloqueios mentais ou preconceito, para fomentar ideias e a energia existencial livre de qualquer tipo de polarização do pensar.
Tematizar o evento com a reflexão sobre o tempo dentro da filosofia, apontou, foi uma decisão no contexto de perda de uma pessoa próxima. À guisa de conceitos clássicos, adicionados às demandas e preocupações humanas do momento, a intenção é estimular o pensamento sobre o que cada pessoa faz com o seu tempo – finito tempo, só para lembrar.
“Todos nós, socialmente, só temos um destino, que é o fim”, enfatizou Professor Caverna, independentemente da forma de encarar a vida, objetivos e ideologias. “O tempo que tenho de vida, o que estou fazendo com ele? O que realmente importa?”, indagou, sinalizando o percurso de raciocínio que estará presente no evento de filosofia.
Na entrevista, o professor e filósofo deu exemplos de atividades nas quais as pessoas consomem tempo, sem necessariamente obter em troca valor existencial ou enriquecimento da vida. E criticou apelos de felicidade e utilização do tempo ditados meramente pelo mercado e o consumismo.
“Tempo de qualidade é uma construção de mercado e de mídia, de sentido econômico, que tem ligação com hashtag da felicidade, que tenho desenvolvido com os jovens”, expôs. “Isso de ter que ser feliz a todo o momento é mais uma marca de boné ou de tênis”, mencionou, em alusão a mercadorias.
Quem seguir esse “produto”, dificilmente não sentirá dor, pois, argumentou o filósofo, “é impossível ser feliz da forma como o mercado ou a cultura atuais têm propagado o que é ser feliz”, disse. “Essa felicidade esconde a tristeza de não se conseguir alcançar a felicidade que é pregada como meta”, concluiu Professor Caverna.
No Marco Zero, o docente, que utiliza a filosofia como forma de discussão de ideias sobre a vida e o cotidiano, resgatou as primeiras noções de tempo da humanidade, que surgiram para “organizar a sobrevivência” e prosseguiram pelos quadrantes da história. Citou a ideia mitológica de “eternidade” junto com uma leitura metafórica que pode ser aplicada aos contemporâneos do mundo.
Avesso a receitas, incentivador do pensamento livre e genuíno das pessoas, com base em leitura e conhecimento, Professor Caverna se arriscou em uma mensagem sobre o tempo e a experiência mundana. “Viver a própria vida de forma simples, porém satisfatória, sendo um ser humano livre e consciente para promover a própria ideia de tempo”, encerrou.
4.º Café Filosófico Data: 5 de outubro (sábado) Horário: 17h31 Programação: show, filosofia e interatividade Acompanhe o filósofo: @profcaverna
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