Ilustração produzida por Professor Carverna
Provérbios Milenares (3) – Cada um vê mal ou bem, conforme os olhos que tem.
Amanheceu diferente hoje. Não sei se foi o clichê do pôr do sol pintando o céu de laranja, ou o jeito que o ar parecia mais leve. Talvez tenha sido o café. Sim, o café! Mas não o café em si, e sim o momento de sentar e olhar para a xícara com calma, sem pressa. Sabe aquela pausa que é tipo uma piscadela para a vida? Pois é. Comecei a reparar que até o vapor dançando no ar tinha um charme meio poético.
Enquanto eu olhava o vídeo de um influencer reclamando que “nada mais presta”, lembrei da minha vizinha Dona Ivone, que sempre encontra poesia na poeira da vida. Literalmente. “Você já viu como o sol brilha no meio do pozinho? Parece até purpurina divina!” ela disse outro dia, enquanto espanava a estante. E eu ri, meio sem jeito, porque nunca me ocorreu achar beleza em algo que ataca a minha rinite.
A verdade é que todo mundo tem seus óculos únicos para ver o mundo, e não estou falando só dos de grau. Tem gente que carrega lentes de positividade, enquanto outros parecem só enxergar em uma cor apenas, com um tom extra de “cinza reclamação”.
Um dia desses, no ponto de ônibus, um cara do meu lado estava bufando porque o coletivo atrasou. “Isso aqui é um caos!”, disse ele, enquanto uma criança do outro lado ria descontroladamente ao ver um passarinho “dançando” num fio. Para ela, aquele momento valia um show. E para o cara bufando? Bem, só um estorvo.
E não é que tudo isso me fez lembrar daquele provérbio antigo? “Cada um vê mal ou bem, conforme os olhos que tem.” E não tem nada mais real do que isso. A gente escolhe ou pelo menos deveria tentar escolher como olhar as coisas. Tem dias que é mais difícil, claro. Não vou aqui romantizar perrengue. Mas tem outros em que, sei lá, o mundo parece uma grande piada interna esperando para ser percebida.
Hoje, decidi testar as lentes da Dona Ivone. Reparei que o som do trem ao longe parece um ritmo de música eletrônica, que a chuva faz desenhos abstratos na janela, e que meu cachorro tem o olhar mais expressivo do universo quando quer um pedaço do meu lanche. Foi meio transformador.
No fim das contas, acho que o segredo é calibrar a visão. Mudar a perspectiva. Nem sempre o sol vai parecer purpurina divina, mas às vezes o vapor do café dançando no ar já é o suficiente para te lembrar que, olha, o mundo tem umas belezinhas escondidas. Basta mudar o foco.
Obs.: O texto foi criado para estimular sua reflexão filosófica, é para ser contraditório, é para ser alguma coisa e nada! nada mais! mais nada!!! O ser humano pelo que me parece, é mais complexo que o Universo.
Leia também: Provérbios Milenares (1) – Amigo Disfarçado, Inimigo Dobrado – um texto do Prof. Caverna Provérbios Milenares (2) – Ao rico mil amigos se deparam, ao pobre seus irmãos o desamparam Tempo, poema do professor Caverna
Siga o canal “Café Filosófico”: no WHATSAPP: https://whatsapp.com/channel/0029Vaz2Fyp5q08aCCuVbU0A
@profcaverna – Instagram @cafe.filosoficoo – Instagram profcaverna@gmail.com – Email
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.