Marcha das Mulheres em Foz do Iguaçu, 2024 – Captura de tela
Não é incomum encontrarmos afirmações sobre como as mulheres avançaram na conquista de direitos nas últimas décadas. De fato, essa é uma afirmação que precisa ser reivindicada. Mas é preciso ir mais a fundo sobre a atual realidade das mulheres no Brasil e no mundo para entender os desafios que ainda persistem.
Segundo dados do IBGE, no terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego entre as mulheres foi 45% superior à dos homens. Essa disparidade também se reflete no trabalho informal, onde as mulheres são maioria. O impacto é ainda mais acentuado entre as mulheres negras, que enfrentam maiores dificuldades no acesso a empregos formais e condições de trabalho dignas.
Somos as primeiras afetadas pelo desemprego, pela carestia, pelo aumento da fome, da violência e pela retirada de direitos. Tudo isso não é por acaso; é a face do projeto neoliberal e fascistizante de sociedade.
Essa estrutura coloca as mulheres — especialmente as mulheres negras — em condição de subordinação econômica, para garantir a manutenção da ordem capitalista.
É preciso evidenciar como a desigualdade de gênero é funcional ao capitalismo, pois, ao fazer isso, conseguimos demonstrar que a igualdade de gênero dentro desse sistema não levará à libertação das mulheres trabalhadoras. E, ao mesmo tempo, o capitalismo também finge enfrentar essas questões, para esconder que a luta feminista é também, uma luta anticapitalista!
Com o avanço das conquistas resultantes da luta coletiva das mulheres, surgem, em contraposição, correntes liberais do feminismo, alinhadas à ideia de que alternativas individuais para as mulheres — como a ocupação de determinados cargos e espaços — seriam, por si só, a solução para os problemas de gênero. Essas correntes de pensamento têm ganhado ampliação de sua influência na sociedade. Mas devemos nos perguntar: quando uma mulher se torna CEO de uma grande empresa, cargo historicamente hegemonizado por homens, sua presença nesse posto contribui, de fato, para o avanço da nossa libertação coletiva ou está a serviço dos interesses do capitalismo, reproduzindo as mesmas estruturas que exploram o trabalho das mulheres?
Hoje, à medida que a crise capitalista se aprofunda, também aumentam a pobreza e a violência contra as mulheres. Como parte das respostas a essa crise, vemos o avanço de ideologias autoritárias e conservadoras que atacam nossos direitos e aprofundam desigualdades. Ainda assim, a luta das mulheres e sua capacidade de organização têm sido fundamentais para enfrentar a ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo, demonstrando que a resistência popular feminista é fundamental na construção de alternativas ao atual modelo econômico e político.
No Brasil, os dados sobre o crescimento da pobreza e da fome são alarmantes. Apenas na cidade do Rio de Janeiro, quase meio milhão de pessoas vivem em insegurança alimentar. Diante desse cenário, iniciativas protagonizadas por mulheres, como as cozinhas populares, têm se apresentado como uma resposta concreta ao projeto neoliberal de fome, garantindo não apenas alimentação, mas fortalecendo redes de solidariedade e organização popular.
Ao mesmo tempo em que enfrentam a violência política e social, as mulheres também conquistam espaços na política institucional. Segundo dados do Portal da Câmara dos Deputados, o número de mulheres eleitas no pleito municipal de 2024 cresceu dois pontos percentuais em relação a 2020. Esse avanço reforça a importância de ampliar a representação feminina comprometida com pautas populares, conectando as lutas da base com transformações estruturais na sociedade.
Maíra do MST durante a 12° sessão extraordinária que marcou o início da 12ª Legislatura da Câmara Municipal do Rio – Foto: Luciola Villela/CMRJ
O dia 8 de março é um dia de luta, de resistência e de denúncia contra um sistema que explora, oprime e mata mulheres todos os dias. Em 2025, essa luta se torna ainda mais urgente diante do avanço da extrema-direita, do aprofundamento da crise econômica e da crescente precarização da vida das trabalhadoras, é preciso ampliar nossa capacidade de mobilização e disputa ideológica. trabalho de base, combater a fome, taxar os super ricos, eleger mulheres comprometidos com um projeto coletivo
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