Capa e contracapa do livro “Uma história das Florestas Brasileiras” — Foto: DivulgaçãoH
.
. Ao olhar desatento que foca somente no título, o livro pode parecer se propor a apresentar apenas questões sobre as maiores florestas do Brasil — a Amazônia e a Mata Atlântica. Apesar de elas serem, em especial a primeira, focalizadas mais enfaticamente pelo autor, outras formações e biomas também são contemplados. Logo nos primeiros capítulos, os leitores são presenteados com um panorama geral da natureza brasileira.
. O autor preza por ser didático mesmo ao abordar questões complexas, como a legislação ambiental brasileira, de maneira que os leitores conseguem se inteirar de maneira efetiva e compreender sua linha de raciocínio. De uma forma muito bem elaborada, detalhes sobre a cultura do País são revelados em harmonia com explicações sobre acontecimentos basilares da história.
Este livro não termina aqui: ele continua numa série enorme de trabalhos que precisam ser realizados. Como não poderia deixar de ser, me ative às histórias que me são mais próximas, sem detrimento de muitas outras ações relevantes para a proteção de nossas florestas que estão acontecendo ou ainda vão acontecer. Agradeço assim, de coração, a todos que trabalham tendo como horizonte esse mesmo ideal.” – Zé Pedro de Oliveira Costa, em Uma História das Florestas Brasileiras, página 288.
Ao escrever um livro sobre uma história tão vasta e plural, Oliveira poderia ter escrito um número de páginas muito maior do que o faz em Uma História das Florestas Brasileiras. Mas as 320 que escreve permitem reunir pessoas dos mais variados tipos de formação acadêmica e conhecimento acerca das florestas brasileiras ao redor de páginas que reúnem fatos diversos sobre as florestas do território. Os leitores podem ler os capítulos na ordem que melhor lhes convier.
Zé Pedro de Oliveira – Foto: Reprodução/IEA-USP
A crítica capitalista se faz presente em diversos momentos da obra, em pinceladas subentendidas por trás das astutas escolhas verbais de Oliveira. De maneira criativa, o multiculturalismo do escritor, que foi o primeiro secretário nacional de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, se escancara: a cada tópico, uma citação de alguma obra é inserida, enriquecendo a leitura. O capítulo 2, em que aborda as mais diversas visões sobre a natureza brasileira, por exemplo, é uma perfeita fusão para aqueles que tentam compreender intrinsecamente a ligação das florestas com a cultura nacional – a visão de indígenas, viajantes, artistas e culinária são costuradas, cada uma sendo, ao mesmo tempo, criticada e enaltecida por Oliveira.
Dom Quixote é um dos vários livros citados por Oliveira – Foto: Divulgação/Página 9 do livro
Não é por acaso que o jornalista Fernando Gabeira, o médico Drauzio Varella, o ambientalista Fábio Feldman e a primatologista Karen Strier deixam suas opiniões em depoimentos publicados no livro, como especialistas de áreas distintas. Tal é o poder do autor em abandonar o tom professoral e tratar informalmente de um tema que, segundo as ideias que ele mesmo coloca no livro, necessita ser compreendido pelos brasileiros para que a natureza seja preservada.
Agora já temos uma obra de referência sobre o que de mais valioso e internacionalmente conhecido o Brasil possui: suas florestas. Conhecê-las não só é um trabalho que amplia nosso horizonte como estimula nosso desejo de preservá-las para as novas gerações.” – Fernando Gabeira, escritor e jornalista.
Uma História das Florestas Brasileiras, de Zé Pedro de Oliveira Costa, Editora Autêntica, 320 páginas, R$ 87,90.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.