Marcelo Oikawa – reprodução
Uma Londrina apressada é do que mais me lembro
Aquela atmosfera carregada de urgência
Uma ansiedade de pegar com as mãos
O preço do café pode subir pode cair
Todos correndo atrás da fortuna
traiçoeira
como a geada negra como a superprodução como os insetos e fungos como os ácaros e os roedores
e como a maior praga o bicho mineiro
Aqueles olhos amedrontados grudados nos imensos cafezais
Se houver geada Haverá fome Murmura o trabalhador
Se houver geada haverá fome murmura o trabalhador
O vento gelado na noite negra contamina as espinhas
e vai dobrar os homens mais fortes
E a Bolsa do Café com seus fantasmas espreitando o interior da noite
É a geada negra
Pedro Venâncio faliu e desacorçoou
Com ele os Oliveiras os Tanakas os Voigts os Severinos
A catástrofe fria derruba a Bolsa de Nova Iorque e arrasta junto homens desconsolados
O trem cortando a paisagem vai indiferente
Transportando o prejuízo e com ele toda a angústia dos homens aflitos
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