26 de setembro é considerado o Dia Nacional dos Surdos e Dia Internacional da Linguagem de Sinais. Para essa parcela da população – no Brasil, segundo números do Ministério da Saúde, os surdos constituem 3,2% da população, ou seja, aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros – manter contato com o mundo exterior tem sido difícil neste período de pandemia de coronavírus. Especialmente por conta do uso das máscaras.
Pesquisadores do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) desenvolveram Equipamentos de Proteção Individual inclusivos (EPIs). As máscaras faciais em 3D foram constituídas por material inteira ou parcialmente transparente, deixando à mostra a região da boca, o que permite a leitura labial e a visualização das expressões faciais, fatores importantes na comunicação das pessoas com algum tipo de deficiência auditiva.
“Deve ser realizado um trabalho incessante, em todos os âmbitos, de combate à pandemia para mudar esta realidade sem se esquecer de ninguém, com empatia e respeito às dificuldades de cada indivíduo. Precisamos permitir a acessibilidade aos meios físicos, sociais, de saúde, educação e à comunicação para possibilitar que pessoas com deficiência gozem plenamente de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais com segurança”, ressaltam Renata Dalavia, do setor de Artigos de Saúde do INCQS/Fiocruz, e Filipe Quirino, do setor de Produtos Biológicos da unidade. “As máscaras são fundamentais, porque funcionam como uma barreira física, em especial contra a saída de gotículas potencialmente contaminadas, conferindo proteção no dia a dia. Entretanto, as máscaras opacas impossibilitam a leitura labial, por isso a importância deste EPI em 3D”.
Eles enfatizam que a confecção e o uso destas máscaras devem seguir os padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS). Sobre a higienização, os profissionais do INCQS esclarecem que é feita com água e sabão ou com hipoclorito de sódio (produto obtido a partir da mistura do cloro com uma solução diluída de soda-cáustica). Entretanto, devido ao material plástico, deve-se evitar torcer a máscara e evitar passa-la com ferro quente. Já na parte de plástico, é recomendável passar álcool 70% para fazer a desinfecção.
As máscaras desenvolvidas pela Oswaldo Cruz
O dia 21 de setembro foi o Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência. Em um contexto de pandemia, é fundamental a atenção para as deficiências de natureza física, mental, intelectual ou sensorial nos cuidados contra a Covid-19, conforme destacam Renata Dalavia e Filipe Quirino.
As informações oficiais sobre os cuidados de proteção e higiene pessoal devem levar em consideração as necessidades especiais. Pessoas com dificuldade de mobilidade ou deficiência física, por exemplo, precisam ser orientadas a desinfetar com água e sabão, álcool a 70% ou outro produto desinfetante suas bengalas, muletas, cadeira de rodas e outras tecnologias assistivas, que passam a ser vias diretas de contaminação. A higienização deve ser feita várias vezes ao dia e após deslocamento externo.
Quando o deficiente for portador de paralisia ou ausência dos membros superiores, vai necessitar da assistência de terceiros, assim como para a transferência de cadeira de rodas a veículos e outras situações, o que deve ser feito com muito cuidado, visto que a recomendação da OMS é o distanciamento social.
A necessidade do auxílio de terceiros também pode existir no caso de deficiência visual, sobretudo para a sua mobilidade. Ademais, utilizam mais as mãos, pois estas são usadas como instrumento de exploração tátil, leitura e reconhecimento de pessoas e objetos. Portanto, precisam de mais cuidado de higiene pessoal.
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