.
Centenas de educadores e seus familiares ficaram feridos com a repressão no Centro Cívico em 30 de agosto de 1988 – Foto: arquivo APP Sindicato
Professores e funcionários da rede estadual irão paralisar as atividades nas escolas e realizar protestos nesta terça-feira, 30. A data integra o calendário anual de mobilização da categoria, em que é cobrada a pauta de reivindicações e relembrada a violência sofrida por educadores durante a greve de 1988, no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná.
Em Foz do Iguaçu, ocorrerá ato público às 9h, na frente do Núcleo Regional de Educação (NRE), órgão da Secretaria de Estado da Educação. Os educadores das nove cidades representadas pela APP-Sindicato/Foz também fortalecerão o movimento na capital Curitiba (PR), somando-se a profissionais do ensino de todo o Paraná.
A categoria quer chamar a atenção da sociedade para a piora das condições de ensino, devido à retirada de direitos e ao desmantelamento do sistema público edificado no estado historicamente. São medidas instituídas de forma permanente, relatam, que resultam da deterioração da qualidade da educação.
“A cada ano, em 30 de agosto, denunciamos a repressão covarde e cruel de 1988, em que o governante da época permitiu até tropas a cavalos contra educadores, e os ataques que continuamos sofrendo diariamente”, salienta a presidente da APP-Sindicato/Foz, Janete Batista. “Chamamos o dia 30 de agosto de o momento de luta e luto”, afirma.
“As violências contra professores e funcionários permanecem na nossa memória e jamais esqueceremos”, prossegue. “Resgatar esses episódios é uma forma de refletir sobre como os trabalhadores são tratados quando reivindicam seus direitos e alerta para que eles não voltem a acontecer”, reflete Janete Batista.
Educadores irão protestar na frente do Núcleo Regional da Educação de Foz do Iguaçu e em Curitiba – Foto: APP-Sindicato
A dirigente sindical aponta que o desmonte do sistema público de ensino inclui a terceirização do cargo de agente educacional, privilegiando empresas; alterações no currículo; falta de servidores; e implementação do “novo” ensino médio, que não forma para a vida nem para o mercado de trabalho. Militarização, superlotação de salas e privatização também fazem parte das medidas questionadas.
“Da nossa pauta laboral, destacamos as perdas salariais que passam de 35%, o não pagamento de promoções e progressões, e o sucateamento da saúde do trabalhador”, elenca Janete. “E, neste momento, enfrentamos o edital arbitrário para servidores temporários, que quer exigir um vídeo dos candidatos, o qual não possibilita uma avaliação objetiva”, finaliza.
Professores e funcionários sofreram um verdadeiro massacre na frente do Palácio Iguaçu e Assembleia Legislativa, no dia 30 de agosto de 1988, quando o governador era Álvaro Dias. A violência, que deixou centenas de feridos, envolveu ataques com cavalos, cães e bombas contra educadores em greve, os quais protestavam pacificamente por melhores salários e condições de trabalho.
Desde então, a data de 30 de agosto é um marco na defesa da escola pública, gratuita e de qualidade, e de reivindicação por direitos dos profissionais da educação. É um momento em que educadores, estudantes, mães e pais de alunos resgatam o passado, refletem e cobram demandas do presente.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.