Um grupo de professores de mestrado e doutorado das áreas de Engenharia Mecânica, Elétrica e Agrícola, servidores e alunos de graduação e pós-graduação do Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT) da Unioeste em Cascavel, se uniram para produzir órteses, próteses, peças para ventiladores e respiradores e outros itens para a área da saúde.
O material produzido por meio de impressoras 3D, é doado para o Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), pacientes portadores de fissura labiopalatal e para o Centro de Reabilitação Física (CRF) da Unioeste. “Antes mesmo da pandemia nosso objetivo era produzir algo que contribuísse com a área da saúde em Cascavel. A chegada da Covid-19 fez o projeto nascer. De forma voluntária, nós nos reunimos para verificar onde poderíamos ajudar no suporte às pessoas no enfrentamento à doença e, assim, fomos nos adaptando para atender a essa demanda”, explica Selmo José Bonatto, Coordenador Geral do NIT.
Segundo o Engenheiro Agrônomo, professor e doutor Reginaldo Ferreira dos Santos, o projeto do NIT é de fundamental importância para a universidade, professores e alunos da Unioeste, sobretudo para a comunidade. “Nós temos a oportunidade de apresentar, em sala de aula, a parte teórica para os alunos, no laboratório a parte prática e agora eles conseguem entregar uma demanda real da sociedade. Além disso, o aluno consegue entender que pode ser profissional por meio das startups”, observa.
Ainda de acordo com o professor, o projeto está formando não só engenheiros, mestres e doutores, mas cidadãos comprometidos com a comunidade. “Para mim esses alunos estão indo além daquilo do que nós imaginávamos. Eles conseguem atender não só o que é era esperado internamente, na universidade, mas também atendem as demandas reais da comunidade. Eles estudam e ao mesmo tempo colocam em prática. E mais: incentivam outros alunos a crescer juntos, não só intelectualmente mas também financeiramente”, afirma o professor.
O projeto foi possível devido a parcerias entre a Unioeste, entidades e empresas que emprestaram impressoras 3D ao grupo. A ação permitiu que leitos de UTI do Hospital Regional de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, que estavam desativados, voltassem a funcionar.
“Como esse hospital não possui um núcleo de engenharia, havia muitos equipamentos com defeito. Alguns deles dependendo de peças que não estão chegando da China. Nós então produzimos essas peças e fizemos o conserto, o que resultou em seis leitos que voltaram a receber pacientes. Isso é gratificante além de gerar uma boa economia para o Estado”, comemora o aluno de doutorado Cristiano Fernando Lewandoski, doutor em Engenharia de Energia na Agricultura.
O coordenador do NIT, Selmo José Bonatto, lembra que em 45 dias, todo o material produzido pelo projeto permitiu uma economia de 350 mil reais às unidades hospitalares e que a intenção para o pós-pandemia, é manter o projeto por meio de startups. “Nós abrimos três startups para continuar com o conserto dos equipamentos hospitalares e a produção das peças em 3D. Nós temos condições de fazer um trabalho técnico diferenciado, pois contamos com a participação de doutores, o que significa mão de obra altamente qualificada”, ressalta Bonatto.
Para ele, a pandemia vai render bons resultados na área da engenharia. “Essa pandemia veio para nos mostrar que temos potencial para criar e resolver demandas que antes não nos dávamos conta. Quando isso tudo acabar muita coisa vai mudar, para melhor”, finaliza.
A equipe do NIT participa agora de treinamento de startups com o Vale do Silício, o Sebrae, e a Fundetec.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.