Criminalizar não evita a prática e causa risco à mulher – foto: Divulgação/ Fran Rebelatto
De H2Foz / Por Paulo Bogler Considerar o aborto um crime não impede que ele siga sendo realizado. Porém, dessa forma, criminalizado, é feito em procedimentos que colocam a saúde e a vida das mulheres em perigo, e com sofrimento.
É a partir dessa visão que o Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro (CFCAM) promoveu debate sobre o tema, nesse fim de semana, em Foz do Iguaçu. A iniciativa se deu no contexto do Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização do Aborto, lembrado em 28 de setembro.
O espaço cultural QG do Quixote reuniu estudantes, trabalhadoras, pesquisadoras e ativistas. A intenção da organização foi debater temáticas relacionadas à descriminalização do aborto, em perspectiva plural.
“Em nossa sociedade, que é dividida por classes sociais e transpassada por questão racial e de gênero, o aborto legal e gratuito deve ser um direito garantido não só para os casos que já são legalizados”, defendeu a secretária de Organização do CFCAM, Fabiana Bezerra Mangili. “Mas também para toda e qualquer mulher e pessoa que gesta e desejar”, completou.
Leia também: Legalização do aborto volta ao debate público com julgamento no STF Estudo aponta que negras são mais vulneráveis ao aborto no Brasil
Pesquisadora que desenvolve tese de mestrado sobre o tema, Carol Boscatto afirmou que obrigar mulheres a um aborto inseguro ou ilegal significa expô-las a graves sequelas ou até à morte. Para ela, a criminalização faz aumentar o índice de mortalidade materna no país.
“Obrigar as mulheres a uma gravidez contra a sua vontade é comparável à tortura”, ponderou. Esse contexto seria causador de impactos físicos e perseguição criminal, mas também de um “terrorismo psicológico”, tendo de conviver com o medo, a culpa, a condenação social, asseverou Carol Boscatto.
O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro é feminista e marxista. Não é limitado à “igualdade entre os sexos”, porém atua “pela libertação das mulheres mediante o fim da propriedade privada e da divisão sexual do trabalho”, expõe o coletivo, ao questionar as desigualdades do capitalismo e pugnar pelo fim do patriarcado.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.