Na tarde ensolarada de um sábado, eu e meus amigos estávamos reunidos num parque, sentados na grama e deixando a conversa rolar solta. Entre uma piada e outra, o assunto virou aquele papo de “coisas da vida”, daqueles que nunca têm um fim. Foi então que alguém, num tom meio brincalhão, soltou: “Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo”. O que era, para muitos, apenas um velho provérbio, de repente ganhou vida e virou o ponto alto do nosso papo.
A expressão, que a gente ouvia desde pequeno, sempre foi motivo de risada. Afinal, imaginar que o simples ato de falar sobre alguém possa fazer com que essa pessoa apareça ou algo inesperado se manifeste é quase como se o universo tivesse um senso de humor particular. E, naquele dia, pareceu que o universo realmente resolveu brincar com a gente. Foi como se, do nada, o imprevisto tivesse marcado presença, dando aquele toque de mistério e irreverência à nossa tarde.
Enquanto a conversa seguia, comecei a pensar que aquele provérbio não era só um aviso, mas também um convite para enxergarmos a vida com mais leveza. A gente vive num mundo onde, às vezes, quanto mais falamos sobre certas coisas, mais elas parecem se revelar. Seja aquele encontro inesperado, uma reviravolta nos planos ou até mesmo aquela coincidência inacreditável que nos faz rir da própria sorte. Em outras palavras, o ditado nos lembra que as palavras têm um poder quase mágico capaz de atrair o que nem sempre esperamos.
Lembro de uma vez, não muito tempo atrás, quando um colega nosso estava sumido e, justamente no momento em que alguém comentou sobre ele, lá estava ele, chegando atrasado com a desculpa mais inusitada. Foi nesse instante que todos rimos e dissemos: “Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo”. Essa situação, além de marcar aquele dia, me fez perceber que, por mais que tentemos controlar nossas histórias, a vida sempre encontra um jeito de surpreender a gente.
Essa reflexão me levou a pensar: e se esse provérbio for, na verdade, uma metáfora para as nossas atitudes? Quantas vezes a gente fala de algo e, de repente, se vê no meio do que estava comentando? Talvez ele nos ensine a ter mais cuidado com as palavras, mas também a aproveitar o inesperado com um sorriso no rosto. Afinal, se a gente espera pelo melhor ou pelo pior, a vida continua sendo essa caixinha de surpresas, onde cada conversa pode ser o início de uma nova aventura.
No fim das contas, “Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo” tem tudo a ver com a imprevisibilidade da vida. Ele é um lembrete de que, mesmo quando tentamos manter tudo sob controle, o inesperado sempre dá as caras e, muitas vezes, de forma bem humorada. Para nós, que vivemos numa época onde a espontaneidade é valorizada e o improviso é quase uma arte, essa expressão serve como um convite para encarar as surpresas com a mente aberta e o coração leve.
No meio daquele papo descontraído, ficou claro que as palavras carregam mais do que sons, elas carregam intenções, histórias e até mesmo um toque de magia. E, se por um instante, o provérbio nos fez acreditar que o impossível pode se tornar realidade, é porque a vida, com sua maneira única e surpreendente, sempre reserva uma surpresa a cada esquina. Assim como aquele “rabo” que aparece do nada, o inesperado pode ser o que nos impulsiona a seguir em frente, a rir das adversidades e a celebrar cada pequena vitória.
No final do dia, quando o sol começou a se pôr e a gente se despedia, a ideia de que “Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo” ficou ecoando na minha cabeça. Não era apenas um dito popular antigo era uma filosofia de vida, uma forma de encarar a imprevisibilidade com humor e coragem. A mensagem era clara: se a gente se permite viver com mais espontaneidade e menos receio, as surpresas se tornam parte do nosso próprio charme, e cada encontro inesperado pode ser uma oportunidade para crescer, aprender e se divertir.
E assim, nessa crônica da vida cotidiana, aprendi que, mesmo nas coisas mais simples, há uma profundidade que nos ensina a valorizar o presente. A cada conversa, a cada riso compartilhado, fica a lembrança de que somos todos protagonistas de uma história repleta de surpresas. Afinal, se o universo conspira de forma tão inusitada, por que não aproveitar cada momento, mesmo que isso signifique ter que rir de si mesmo e do destino?
No final das contas, a vida é uma mistura de planos, encontros e imprevistos e, com um toque de humor, a gente pode transformar cada situação em uma nova página dessa grande crônica chamada existência. E, da próxima vez que ouvir esse velho ditado, lembre-se: talvez seja a vida te dizendo que algo surpreendente está para acontecer, só para provar que, no jogo das palavras, o inesperado sempre encontra um jeito de marcar presença.
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Tempo, poema do professor Caverna
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