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Em 190 novas amostragens analisadas, 162 positivaram para a ômicron e 28 para a variante delta – Foto: José Fernando Ogura/AEN
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Paraná confirmou, na noite desta quarta-feira (19), à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que o índice de predominância da variante ômicron no estado gira em torno de 85,3%. Em 190 novas amostragens analisadas, 162 positivaram para a cepa e 28 para a variante delta, que era predominante no estado em 2021.
O relatório de circulação de linhagens do vírus Sars-CoV-2, do Instituto Carlos Chagas, já havia confirmado a predominância da variante no sequenciamento genômico de sábado (15). A análise considera testes coletados entre 3 e 9 de janeiro deste ano, nas quatro macrorregiões do Paraná, em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).
A cepa é considerada como “variante de preocupação” (VOC) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A VOC tende a induzir casos mais graves e aumentar a transmissibilidade da doença.
“Precisamos que a população se conscientize e continue utilizando máscaras, lavando as mãos, usando álcool em gel e deixando a vacinação contra a covid-19 em dia, seja com a primeira dose nas crianças, segunda dose em adultos e adolescentes e dose de reforço”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A Sesa havia confirmado oito novos casos da variante na quarta (19), após o Relatório de Sequenciamento Genômico da Fiocruz Rio de Janeiro, somando 100 registros. Com o sequenciamento da Fiocruz Paraná, o estado passa a ter 262 confirmações da ômicron, até então, sem óbitos registrados.
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Leonardo Bastos explica o risco coletivo da ômicron. Ele utilizou duas cidades hipotéticas com 1 milhão de habitantes cada. Uma delas enfrentando um surto de uma doença que ele chamou de D1: menos transmissível, contagiando 5% da população. Porém mais grave, com 1% dos contaminados evoluindo para casos graves. Outra, atravessando um surto mais leve, D2, similar à ômicron, com apenas 0,5% evoluindo para casos graves. Porém mais transmissível, contaminando 20% da população.
Nesse modelo, após três meses, espera-se 50 mil infectados e 500 casos graves para a primeira cidade. Na segunda, no entanto, o total de infectados chegaria a 200 mil, com 1.000 casos graves. “É um exemplo bem simples, mas mostra que, numa primeira vista, D2 é melhor, pois a chance de evolução para caso grave é menor. No entanto, a chance de um conhecido passar por complicações aumenta (pois mais conhecidos vai se infectar)”, explicou o especialista, no Twitter.
Bastos ressalta que, “do ponto de vista populacional, há uma chance do sistema de saúde entrar em colapso por conta da combinação entre gravidade e transmissibilidade, que pode levar a muitos hospitalizados em um mesmo período”. Ele comparou ao pico da covid causado pela variante gama em Manaus, no início do ano passado, quando o sistema de saúde colapsou.
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