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Ao todo, são 106 verbetes em torno do tema da agroecologia, elaborados por 169 autores de 68 instituições – Divulgação.
Você sabe o que significa agroecologia? E capitalismo verde? Sabe o que são cosmovisões? Esses são alguns dos conceitos e verbetes reunidos no Dicionário de Agroecologia e Educação, lançado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) e a editora Expressão Popular. Ao todo, são 106 verbetes em torno do tema da agroecologia, elaborados por 169 autores de 68 instituições.
Segundo professora-pesquisadora da Escola Politécnica, Anakeila Stauffer, que organizou a obra em conjunto com outros pesquisadores, o dicionário é esforço em reconhecer e desenvolver uma sociedade mais “justa e equânime, comprometida com a diversidade do povo brasileiro e suas demandas”.
Nesse sentido, as parcerias realizadas no âmbito da educação e saúde ao lado do MST, ao longo de 17 anos, possibilitou a aproximação da instituição às possibilidades e aos desafios que se enfrenta no campo brasileiro, em parte trabalhados dentro dos conceitos do dicionário.
“Para construir essa obra, a gente contou com uma rede de estudiosos e militantes da área que contribuíram no processo de concepção e na concretização dos verbetes. Desde o início, essa rede pôde propor a construção de eixos fundamentais, temas e verbetes que pudessem delinear um breve histórico dos conceitos relacionados a agroecologia: o estado da arte em torno conceito, a luta e o enfrentamento dos dias atuais em torno da temática da agroecologia”, afirma Stauffer.
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. Na apresentação do dicionário, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, destaca que a obra contribui para o conhecimento da transversalidade que constitui a agroecologia no seu processo de concretização nos territórios.
“Resultado de um esforço coordenado, não se trata de uma simples reunião de temas, mas de um projeto integrado baseado em amplo diálogo que envolveu a produção coletiva da obra. O próprio processo de sua construção foi orientado pela perspectiva de se construir conjuntamente uma Pedagogia da Agroecologia”, afirma Trindade.
Nesse sentido, na visão de Stauffer, o objetivo do dicionário é socializar o conhecimento produzido no âmbito da agroecologia, “como terreno fértil para a criação de nova de trabalho, de compromisso com a humanidade, em busca dessa emancipação humana, da defesa dos territórios, da saúde, do ambiente, da vida, entendendo-a como a síntese de uma totalidade”.
A pesquisadora lembra a famosa frase do educador Paulo Freire que “a educação não transforma o mundo, a educação muda as pessoas, e pessoas transformam o mundo”. Por isso, o dicionário também é valioso pela “autoeducação” que proporciona.
“Queremos explicitar as diversas experiências pedagógicas agroecológicas que anunciam a pedagogia do trabalho e a educação popular e que demonstram a relação orgânica entre trabalho, educação, cultura e saúde. Essa discussão precisa estar dentro de cada escola, não só do campo, como da cidade, como parte constitutiva de uma totalidade social”, afirma Stauffer.
Embora tenha um sentido complexo e amplo, a agroecologia pode ser entendida, resumidamente, como um modo de produção e existência em equilíbrio e consonância com os processos da natureza, na via contrária da exploração. Trata-se ver a humanidade como parte “constitutiva” do meio ambiente, e não em separado, como explorador e espaço a ser exploradora.
Por essa ideia, surgem diversas ferramentas, produções e conhecimentos, como a produção de alimentos sem o uso excessivo de agrotóxicos, de acordo com sazonalidade dos alimentos, ao contrário do que estabelece o agronegócio, por exemplo.
“No que tange o enfrentamento ao capital, a agroecologia se torna mais uma ferramenta de denúncia da perversidade dessa forma de produzir, imposta pelo capital no campo e nas cidades, com a privatização dos bens comuns, com a destruição da natureza, com a concentração da terra, com seus pacotes tecnológicos que implementam um verdadeiro deserto verde e um consumo exacerbado de agrotóxicos.”
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