Indígenas recebem atendimento médico em gramado próximo ao Congresso após ataque das forças policiais – Richard Wera/Apib
Em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa da parlamentar, Xakriabá aparece relatando dor nos olhos enquanto tenta atravessar uma barreira formada pela Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) para acessar o parlamento. “Sou deputada federal eleita”, repete.
Segundo a nota, a deputada registrou queixa no Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, denunciando “a violência política e de gênero sofrida”. Policiais teriam “impedido o socorro às vítimas e o Corpo de Bombeiros demorou a agir, obrigando indígenas a implorar por atendimento”, informa o texto. Xakriabá deve falar sobre o incidente em coletiva de imprensa marcada para a manhã desta sexta-feira (11) na Câmara.
As lideranças relataram que o protesto era pacífico e “que os indígenas que desceram em direção ao Congresso apenas portavam instrumentos ritualísticos, utilizados em cantos e rezas”, afirmou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também em nota.
“Ainda não há confirmação sobre a quantidade de pessoas que precisaram de atendimento médico ou ficaram feridas. Os indígenas deixaram o local e retornaram para o acampamento. A Tropa de Choque da Polícia Militar chegou a ameaçar retirá-los à força”, diz o texto da entidade.
Nas redes sociais, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) publicou um vídeo da ação policial, classificada por ela como “inadimissível”. “Eles vieram com cantos, lutas e esperanças. Foram recebidos com bombas”, escreveu.
O deputado distrital Fábio Felix (Psol), que acompanhava o ato, também postou um vídeo criticando a ação policial.
Em nota, a assessoria de imprensa da Câmara, disse que aproximadamente mil indígenas que participavam da marcha romperam a linha de defesa da PM-DF, derrubaram os gradis e invadiram o gramado do Congresso. “As Polícias Legislativas Federais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal usaram agentes químicos para conter a invasão e impedir a entrada no Palácio do Congresso”, diz o texto.
No mesmo sentido, a PM-DF afirmou em nota que, ao final da marcha, “os manifestantes adentraram à área de segurança do Congresso Nacional. Momento em que a segurança do Congresso Nacional, a Polícia Legislativa, atuou com material químico”.
Segundo a assessoria, o combinado era que os manifestantes chegassem até a avenida José Sarney, anterior à avenida das Bandeiras, próxima ao gramado do Congresso. “Mas, parte dos indígenas resolveu avançar o limite. A situação já foi controlada e o policiamento das duas Casas Legislativas, reforçado.”
A assessoria do Senado ressaltou que “a dissuasão foi realizada exclusivamente por meios não letais e a ordem foi restabelecida”. “A Presidência do Congresso Nacional reforça seu respeito aos povos originários e a toda e qualquer forma de manifestação pacífica. No entanto, é indispensável que seja respeitada a sede do Congresso Nacional e assegurada a segurança dos servidores, visitantes e parlamentares”, afirma o texto.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.