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Iracema sem chão
Sou Auritha Tabajara Nascida longe da praia, Fascinada pelas notas E Melodia da jandaia. No Ceará foi à festa Meu leito foi a floresta Na companhia de Maia. Minha essência ancestral Me encontra cordelizando, Em amparo faz-me existir, Ao mundo eu vou contando, Que minha forma de amar, Ninguém vai colonizar, Da arte vou me armando. Filha da mãe Natureza Mulher indígena eu sou, Com a força feminina Cinco século atravessou, Cada vez mais sábia e forte, Seu medo não é morte Que o preconceito gerou. Hoje essa mulher levanta Com letra e voz autoral, Contra toda violência, Por um amor ancestral, De um corpo esvaziado, Usado sem ser amado, Na lei do homem normal. E baseado na bíblia, O homem veio ditar, Sua fé diz que é pecado, O mesmo sexo amar, E com massacre e doença, Nossa língua e nossa crença, Tentaram assassinar. Essa força feminina, Traz um sagrado poder, Pois nascemos da floresta,, E com ela vamos morrer, É nossa ancestralidade E nossa diversidade, Que nos faz sobreviver. Minha avó é referência, Desde o tempo de menina, Até me tornar mulher, Nas histórias que ela ensina, Estou pronta para voar, A minha forma de amar Raiz que nunca termina. Fui casada tive filhos, Quatro para variar, Vitória Kawenne Cauê, Ana vem comigo ficar, Vitória e Cauê morreram, E para o meu desespero, Kawenne não sei onde está. Eu são sou como Iracema, A de José de Alencar, Virgem dos lábios de mel, Sem história pra lembrar, Trago comigo a memória, Sou Auritha com história, Mulher livre para amar. Sou lésbia, sou indígena, Resistindo a violência Nordestina, feminista, Sou mulher de resistência Ao regime a dominação, Vivo a descriminação Desigualdade e persistência.
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