Bubas, na região do Porto Meira, em Foz do Iguaçu. (Foto: Arquivo Marcos Labanca / H2Foz)
Nesta sexta-feira (16), a partir das 9h, famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região Oeste do estado farão uma ação solidária junto aos moradores do Conjunto Bubas, região do Porto Meira em Foz do Iguaçu. Serão doadas três toneladas de alimentos como arroz, feijão, mandioca, batata doce, abóbora, limão, abacate e banana, além de itens industrializados, arrecadados pelo movimento.
As partilhas de alimentos produzidos por famílias acampadas e assentadas da Reforma Agrária serão a marca do Abril Vermelho deste ano, no Paraná. As doações chegarão a pelo menos 14 cidades, em solidariedade a quem sofre com a falta de comida na mesa neste período em que a pandemia do novo Coronavírus atinge números cada dia mais alarmantes.
As mobilizações ocorrem em todo o Brasil e marcam os 25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando a Polícia Militar do estado do Pará assassinou 21 trabalhadores rurais Sem Terra e mutilou outros 69, no dia 17 de abril de 1996. A repercussão nacional e internacional do crime levou a definição da data como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.
Doação de alimentos feita pelo MST na região Norte do Paraná em 2021. (Arquivo MST)
A ação em Foz do Iguaçu é realizada a partir das doações de alimentos vindas do assentamento 16 de Maio e pré-assentamento 28 de Outubro, de Ramilândia; Ander Rodolfo Henrique, de Diamante D’Oeste; acampamento Chico Mendes e pré-assentamento Padre Josimo, de Matelândia; acampamento Sebastião Camargo e assentamento Antônio Companheiro Tavares; de São Miguel do Iguaçu.
Também contribuem com a iniciativa o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular e o Sindicato dos Trabalhadores em Hotelaria, Bares e Similares de Foz do Iguaçu. Todos os protocolos de prevenção à Covid-19 estão sendo seguidos para a realização das doações.
As ações também reafirmam o papel da Reforma Agrária na produção de alimentos e a opção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em se solidarizar com o crescente número de pessoas que enfrentam a fome. Até o final de 2020, 19 milhões de brasileiros passavam fome e 116,8 milhões de pessoas, mais da metade dos domicílios no país, enfrentavam algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa é da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), divulgada no início deste mês.
O movimento dos trabalhadores sem terra defende “o direito à vacinação já para toda a população, o auxílio emergencial de R$ 600 reais para as pessoas sem renda e o impeachment do presidente Bolsonaro, por agir de forma desastrosa e negligente diante da pior crise sanitária da história do país”.
A integrante da direção estadual do MST, Dilce Noronha, moradora do acampamento Chico Mendes, de Matelândia, relaciona a ação dos camponeses e camponesas com a situação de emergência pela qual o Brasil atravessa, em grande medida por responsabilidade direta do governo federal: “O MST e os camponeses e camponesas se solidarizam aos nossos irmãos trabalhadores urbanos, e contribuiu com essa alimentação pra que a gente possa enfrentar juntos esse momento que estamos passando, de crise sanitária e econômica”.
Desde abril de 2020, mais de 533 toneladas de alimentos foram partilhadas em todo o Paraná, com a participação de milhares de agricultores e agricultoras da Reforma Agrária. Parte destas famílias Sem Terra ainda luta para garantir o direito de permanecerem nas áreas onde moram, produzem alimentos e garantem condições dignas de vida. Mais de 52 mil refeições também já foram partilhadas em Curitiba pela ação Marmitas da Terra, coordenada pelo Movimento.
“Nossos assentamentos e acampamentos têm feito produção coletiva e individual específica para manter as ações de solidariedade para as pessoas que mais sofrem”, explica José Damasceno, integrante da direção estadual do MST, se referindo às hortas, lavouras e agroflorestas comunitárias mantidas pelas comunidades ao longo dos últimos meses.
Por assessoria
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