100 milhões de árvores em 10 anos (Foto: Dowglas Silva)
Entre os dias 20 e 26 de setembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vai realizar uma grande jornada de plantio de árvores em todo o país.
A semana: Plantemos a Resistência: Contra o Genocídio e os Despejos – que faz parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, lançado pelo MST no início do ano de 2019 – é uma resposta ao desmatamento recorde, às queimadas que assolam o país e à política exercida pelo governo Bolsonaro.
As ações serão divididas em dois eixos principais: o plantio massivo de árvores nas áreas ameaçadas de despejo e a construção de bosques em memória aos mortos pela pandemia do novo coronavírus.
Além disso, estão previstos o lançamento de materiais sobre agroecologia, movimentações nas redes sociais e atos nacionais e de formações realizados online.
“O nosso projeto também é uma forma de denunciar a crise estrutural do capital na sua dimensão ambiental, que é acelerada pelo governo Bolsonaro”, diz Bárbara Loureiro, do Setor de Produção do MST.
Além do plantio massivo a entidade promoverá oficinas online sobre agroecologia (Foto: Gabriel Bicho)
A proposta é que, nos próximos 10 anos, famílias acampadas e assentadas Sem Terra e a sociedade em geral plantem 100 milhões de árvores em todos os estados do país.
Além de realizar a recuperação de áreas degradadas por meio da implementação de agroflorestas e quintais produtivos, o projeto também tem o objetivo de denunciar as ações de destruição ambiental do agronegócio, da mineração e construir no MST e na sociedade o entendimento de que a Reforma Agrária é sinônimo de alimentação saudável e de cuidado com os bens comuns da natureza.
O Plano Nacional de Plantio de Árvores nos trouxe o desafio de reforçar a relação entre a produção de alimentos e o cuidado com os bens comuns. O cuidado com as nascentes, com áreas de beira de rio, produção e descarte de lixo e preservação são práticas da produção agroecológica, mas que agora, em tempos de pandemia, estamos fortalecendo ainda mais, afirma Barbara.
Em apenas 14 dias, setembro de 2020 o Brasil já registrou mais queimadas na Amazônia e no Pantanal do que em todo o mesmo mês do ano passado.
Dados do programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram que nesta primeira quinzena de setembro foram identificados 20.485 focos de calor na Amazônia contra 19.925 nos trinta dias do mesmo mês em 2019.
A média para o mês já é de 1.400 queimadas por dia na região amazônica. No Pantanal, por sua vez, a primeira quinzena de setembro registrou 5.300 focos contra 2.887 nos 30 dias de setembro de 2019.
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