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. O major, com a farda gasta, cheia de medalhinhas envelhecidas mantinha a arrogância de sempre. “Aceitarei minhas perdas com a dignidade que nunca me abandonou”, disse em tom solene. E continuou.
. Ele olhou para o major e nunca pareceu tão pequeno, frágil e seus rompantes de valentia eram como um soco no ar. Energia sem efeito e inútil. Estava diante de um homem com a alma desossada, sem mais nada a oferecer. Como se suas crenças começassem a derreter-se à sua frente. A força, o mal, a violência que ele carregou ficou ali como ruína de um tempo desajustado, inadequado. Um cadáver que insistia ficar em pé. De repente o major cessou toda a fala, como se percebesse a inutilidade da sua voz. Com uma expressão de profunda tristeza olhou para Héracles e balbuciou.
. “É tarde, doutor. Estou voltando ao hotel.”
. “Faça boa viagem, major.”
. “Adeus.”
. Deram-se as mãos friamente.
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