– O maior protesto da história das Olimpíadas –
Os anos 60 foram uma época especialmente dramática para os negros americanos. Martin Luther King, o ativista pacífico, foi assassinado. Malcom X, o ativista agressivo, também. Muhammad Ali perdeu o título de campeão mundial dos pesos pesados por se recusar a lutar no Vietnã. A luta dos negros americanos contra o racismo atingia novos patamares quando chegaram os Jogos Olímpicos do México, em 1968. Os atletas negros consideraram a possibilidade de simplesmente boicotá-los. Não chegaram a tanto. Mas criaram uma associação que deixava clara sua insatisfação com as coisas como eram, a OPHR, as iniciais em inglês de Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos. No segundo dia da competição, foram disputados os 200 metros livres, uma das provas mais nobres do atletismo. O resultado não surpreendeu: dois americanos negros no pódio, e entre eles, em segundo lugar, um australiano. O que chocou foi a atitude deles quando tocou o hino americano. Tommie Smith, medalha de ouro, e John Carlos, de bronze, baixaram ligeiramente a cabeça e ergueram desafiadoramente um braço com luva preta, na saudação consagrada pelos Panteras Negras, um grupo que fez história no combate à discriminação nos Estados Unidos.
VEJA O VÍDEO DA PREMIAÇÃO:
Pódio rebelde – O corredor australiano, Peter Norman, deixou claro seu apoio aos rivais. Recebeu a prata com um distintivo do OPHR na camiseta. Antes, Norman tivera já uma participação relevante no bastidor do protesto mudo: Carlos esquecera o par de luvas que colocaria caso subisse ao pódio. Norman, ao saber disso, sugeriu que cada um dos americanos usasse uma luva. A imagem dos três no pódio é uma das cenas mais extraordinárias de todas as Olimpíadas disputadas na era moderna, e com o tempo se transformaria num símbolo resistente, poderoso, tocante do movimento de afirmação dos negros americanos. O Comitê Olímpico Internacional condenou severamente o gesto, sob a alegação de que esporte e política não combinam. A mídia americana criticou intensamente Smith e Carlos. A revista Time sublinhou a “raiva e a feiúra” do protesto. Correram rumores de que ambos perderiam as medalhas, o que acabou não se concretizando. De volta aos Estados Unidos, Smith e Carlos acabaram relegados a um virtual ostracismo pelas autoridades que comandavam o atletismo americano – brancas, naturalmente. Com a passagem dos anos os dois foram saindo de párias para aquilo que são hoje – heróis.
Norman morreu repentinamente de ataque cardíaco em 2006 sem que o seu país alguma vez lhe tivesse pedido desculpa pela maneira como o tratara. No seu funeral, Tommie Smith e John Carlos, amigos de Norman desde aquele momento em 1968 e que o tinham como herói, carregaram o seu caixão. (Reprodução)
Extraído do blog DCM e Fórum
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